“Aquelas crianças parecem famintas”, diz Donald Trump
Enquanto Trump afirma que “fome é real” e ONU chama de “massacre”, primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nega escassez alimentar
A situação humanitária em Gaza divide observadores internacionais e ex-líderes sobre a responsabilidade de autoridades israelenses acerca da disponibilidade de alimentos na região. Até mesmo o presidente americano Donald Trump, aliado de Israel e interlocutor Netanyahu, afirma haver “fome real”, e observa que “aquelas crianças parecem muito famintas”.
Sua declaração contraria a posição do primeiro-ministro israelense, que classificou como “mentira deslavada” a acusação de que Israel estaria exacerbando, de maneira proposital, a fome em Gaza. Netanyahu assegura que “não há política de fome em Gaza”.
Guerra de versões
Enquanto o grupo terrorista Hamas reporta a morte de mais 14 pessoas por desnutrição em um período de 24 horas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta de que a desnutrição está em uma “trajetória perigosa” em Gaza, com expressivo número de mortes em julho. Das 74 mortes relacionadas à desnutrição em 2025, 63 ocorreram somente neste mês, sendo 24 delas crianças com menos de cinco anos. A OMS classificou a crise como “evitável”, e condenou o que chamou de “bloqueio deliberado e atraso de ajuda alimentar, sanitária e humanitária em larga escala”.
Israel nega as acusações. Em resposta à pressão internacional e às advertências sobre a fome, o país tomou medidas para “melhorar a resposta humanitária” e “desmentir a falsa alegação de fome deliberada”. As ações incluíram uma “pausa tática local” diária de 10 horas em três áreas de Gaza, e a criação de “rotas seguras” para comboios de ajuda. Além disso, foram retomadas as operações de lançamento aéreo de ajuda por países estrangeiros. O corpo militar israelense Cogat, responsável pela coordenação da entrada de assistência, informou que mais de 120 cargas de caminhões foram coletadas em pontos de passagem no domingo.
Contudo, Tom Fletcher, chefe humanitário da ONU, descreveu a ajuda entregue até o momento como apenas “uma gota no oceano”, perto do que seria necessário. Ele enfatizou que “precisamos entregar em uma escala muito, muito maior. Precisamos de vastas quantidades de ajuda entrando, muito mais rápido”. Fletcher também apontou que a ONU coletou menos de 100 cargas de caminhões no mesmo período, contrastando com a média diária de 600 a 700 cargas que entravam em Gaza durante o cessar-fogo anterior no início do ano. O chefe da ONU ainda mencionou que motoristas enfrentam “restrições burocráticas” e “grandes restrições de segurança”.
Sabotagem?
Netanyahu acusa o Hamas de impedir o fluxo de ajuda humanitária, afirmando que a organização terrorista é a única força que “interditou o fornecimento de ajuda humanitária”. O Hamas nega ter roubado a ajuda, e fontes como o New York Times e a Reuters, citando autoridades militares israelenses e análises do governo dos EUA, respectivamente, não encontraram provas de roubo sistemático pelo Hamas.
Fletcher adverte que as pausas militares israelenses, que se esperam durar apenas cerca de uma semana, são “insuficientes” para a necessidade humanitária: “Precisamos de um período sustentado de entrega – semanas, meses – para construir, para parar a fome e reconstruir os suprimentos novamente. Em última análise, precisamos de um cessar-fogo”, concluiu ele.
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Comentários (1)
Marcos
28.07.2025 19:49Não é verdade que a situação em Gaza divide opiniões de observadores internacionais. Há consenso de que Israel vem promovendo uma política de fome em Gaza . Netanyahu pode negar o quanto quiser mas as evidências são indiscutíveis . Netanyahu é seu governo vem cometendo crime de guerra em Gaza. Two Israeli organisations accuse Israel of genocide published at 09:59 09:59 https://www.bbc.com/news/live/ckg42k37e2pt?post=asset%3A1bd76b7e-ddcb-4269-8745-444a5b38ba86#post