Amorim traduz “banho de sangue” de Maduro para “luta de classes”
Ex-chanceler brasileiro, que assessora Lula em assuntos internacionais, relativizou ameaça do ditador venezuelano, que promove farsa eleitoral em 28 de julho
O ditador Nicolás Maduro disse que a Venezuela pode cair em “banho e sangue” caso ele perca a farsa eleitoral em 28 de julho. O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim (foto), que atualmente assessora Lula em assuntos internacionais na Presidência da República, disse que não é bom falar em sangue num contexto eleitoral, mas tentou amenizar a mensagem do aliado durante entrevista à GloboNews.
Para não deixar dúvidas sobre o que disse o ditador venezuelano, a declaração, feita de cima de um palanque, foi a seguinte:
“O destino da Venezuela no século 21 depende de nossa vitória em 28 de julho. Se não quiserem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantamos o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo.”
“Mas…”
Questionado, Amorim disse que não acredita que vá haver banho de sangue. Segundo ele, “não é desejável esse tipo de declaração, mas eu não acredito que ela se materialize. E também, ele não colocou como um banho de sangue imediato….”, disse o ex-chanceler, percebendo que estava indo por um caminho arriscado e emendando:
“Não vou justificar, não, que eu acho que realmente é errado. Não se fala em sangue na época da eleição. Na eleição, você fala em voto, e não fala em sangue.”
Na sequência, o assessor de Lula enfim caiu na tentação de defender Maduro: “Mas eu tenho a impressão, sendo, digamos, talvez um pouco compreensivo, que ele estava se referindo a longo prazo, luta de classes, coisas desse tipo, coisa que, de qualquer maneira, não deveria falar”.
Já o Itamaraty preferiu simplesmente não dizer nada sobre Maduro.
Atentado
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, informou na quinta-feira, 18, que ela e sua equipe sofreram um atentado em Barquisimeto, estado de Lara, após dois dos veículos em que viajavam terem sido vandalizados — o combustível foi drenado e os freios, cortados.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou nota para condenar “o ataque relatado por María Corina Machado, no qual foram cortados os cabos dos freios de seu veículo, ocorrido em 18 de julho em Barquisimeto, estado de Lara”.
Talvez o “banho de sangue” mencionado por Maduro não demore tanto para ocorrer quanto espera Celso Amorim.
Leia mais: Ditadura venezuelana censura 47 sites na campanha eleitoral
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)