ALERTA Crise climática: Seca no Zimbábue deixa milhões sem água e comida
No distrito de Mudzi, a terra árida e rachada é um sinal visível da grave situação que assola o país.
No distrito de Mudzi, nordeste do Zimbábue, a terra árida e rachada é um sinal visível da grave crise climática que assola o país.
A agricultora Georgina Kwengwere, aos 54 anos, caminha diariamente entre lavouras de milho que falharam, desesperada por uma solução.
Após um ano de investimento em sementes e trabalho intenso, ela enfrenta a realidade dura: “Nenhuma espiga produzida”, lamenta.
Os reservatórios que outrora prosperavam, como a barragem de Kapotesa, secaram completamente em maio último, causando não somente prejuízos gigantescos à agricultura, mas também um problema ainda maior: a falta de água potável.
Esta crise foi intensificada pelo fenômeno ‘El Niño’, exacerbando as condições de seca na região da África Austral, que já era vulnerável.
Falta de água agravou a desnutrição em Mudzi
A dramática redução na disponibilidade de água impactou profundamente as atividades agrícolas, principal fonte de subsistência dos moradores de Mudzi.
A comunidade, que inclui famílias numerosas como a de Kwengwere, agora enfrenta sérias dificuldades para se alimentar.
De acordo com Takesure Chimbu, outro morador local, “a maioria não tem comida em casa”.
Além disso, distúrbios nutricionais começaram a ser mais frequentes, com aumento de quase 20% nos casos de desnutrição no distrito.
Resposta governo de Zimbábue à crise climática
Perante a crescente crise alimentar, profissionais da saúde de Mudzi desenvolveram um mingau nutricional chamado ‘Maworesa’— em shona, “o melhor”.
Esse prato, que combina ovos, feijões e frutos de baobá, foi elaborado para oferecer uma dieta balanceada, cobrindo necessidades básicas de carboidratos, proteínas e vitaminas por um custo reduzido.
Conforme exposto pelo médico local Kudzai Madamombe, a introdução deste mingau barato está ajudando a combater a desnutrição eficazmente.
Intervenções necessárias no âmbito internacional
Com a crise agravando-se, a comunidade internacional foi convocada a intervir.
A ONU, em junho, solicitou uma contribuição de U$ 429 milhões para efetivar ajuda humanitária no Zimbábue.
Yves Willemot, diretor de Comunicação do Unicef no Zimbábue, destaca a urgência:
“Até o momento, as contribuições foram insuficientes. Precisamos de mais recursos para combater essa catástrofe humanitária“.
Enquanto a ajuda não chega, a situação continua precária.
Entre carências de recursos e crescente insegurança alimentar, a população de Mudzi, como a família de Georgina Kwengwere, enfrenta desafios diários para a sobrevivência.
O presidente Emmerson Mnangagwa já declarou estado de desastre, mas sem apoio sustentado, a crise promete se intensificar.
A solução para Mudzi e para muitas outras comunidades em situação semelhante no Zimbábue não é simples nem imediata, mas requer uma ação coordenada e urgente de todos os atores globais.
A solidariedade internacional torna-se, assim, essencial para que famílias como a de Kwengwere possam vislumbrar um futuro melhor, longe da escassez que hoje as assola.
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