A “gripe de Hong Kong” e o presidente ideal
Na esteira da pandemia de Covid-19, jornais americanos e europeus relembram a epidemia da "gripe de Hong Kong", que matou pelo menos 1 milhão de pessoas ao redor do mundo, entre 1968 e 1970. Trata-se de uma epidemia esquecida pelos historiadores, apesar dos seus números terríveis...
Na esteira da pandemia de Covid-19, jornais americanos e europeus relembram a epidemia da “gripe de Hong Kong”, que matou pelo menos 1 milhão de pessoas ao redor do mundo, entre 1968 e 1970.
Trata-se de uma epidemia esquecida pelos historiadores, apesar dos seus números terríveis. Como diz o nome pelo qual ficou conhecida, a gripe do tipo H3N2, vírus então novo, começou a propagar-se a partir da antiga colônia britânica — e seguiu o seu curso pelo mundo, sem que fosse levado muito a sério pelas autoridades sanitárias. Tanto que as estatísticas sobre a epidemia começaram a ganhar linhas mais nítidas somente em 2003, quando pesquisadores se debruçaram sobre os números da época, para tentar dimensionar o potencial mortífero da SARS.
Estima-se que, na França, o H3N2 tenha matado de 25 000 pessoas apenas em dezembro de 1969 — quase 4 mil a mais do que o número de óbitos por Covid-19 naquele país, nos últimos dois meses.
No final da década de 1960, não havia sistema de vigilância sanitária mundial, as primeiras UTIs haviam surgido quinze anos antes e as sociedades eram mais fatalistas na sua falta de capacidade tecnológica e condições gerais de saúde. A preocupação de alguns com a “gripe de Hong Kong” era objeto de derrisão por parte daqueles que a consideravam apenas mais um gripe que matava principalmente os mais velhos. E, como tal, ela acabaria esquecida.
Como se vê, Jair Bolsonaro seria um presidente ideal em 1968. Está explicado o seu apreço pelo regime militar.
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