Byung-Chul Han, filósofo: "A felicidade sempre vem de trabalhar com as mãos"

30.12.2025

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Byung-Chul Han, filósofo: “A felicidade sempre vem de trabalhar com as mãos”

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4 minutos de leitura 30.12.2025 14:29 comentários
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Byung-Chul Han, filósofo: “A felicidade sempre vem de trabalhar com as mãos”

No pensamento de Han, trabalho com as mãos é qualquer atividade em que corpo e mente atuam juntos sobre algo tangível.

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Byung-Chul Han, filósofo A felicidade sempre vem de trabalhar com as mãos. Créditos: depositphotos.com / evgenyataman

O interesse recente pelas ideias de Byung-Chul Han tem chamado atenção para a relação entre felicidade, trabalho manual e hiperconexão digital, mostrando como o envolvimento com atividades concretas pode servir de antídoto à exaustão provocada por produtividade excessiva, telas e notificações constantes.

O que é o trabalho com as mãos segundo Byung-Chul Han

No pensamento de Han, trabalho com as mãos é qualquer atividade em que corpo e mente atuam juntos sobre algo tangível, como cultivar um jardim, cozinhar, tocar um instrumento, costurar ou consertar objetos.

O ponto central é a materialidade, em contraste com o universo abstrato de dados e imagens. Essa prática valoriza a repetição paciente, o aprendizado gradual e a lentidão, em oposição ao regime do “tudo agora” típico do digital.

Para o filósofo, trata-se de uma verdadeira “arte de saber demorar-se”, que resgata um ritmo humano mais estável e sensível ao tempo da natureza.

Como o trabalho manual ajuda a enfrentar a hiperconexão digital

Han descreve a hiperconexão como um estado de disponibilidade permanente, em que o smartphone apaga a fronteira entre trabalho e descanso.

Nesse cenário, atividades manuais funcionam como um contrapeso, afastando momentaneamente a atenção das telas e das exigências contínuas.

Ao lidar com plantas, instrumentos ou ferramentas, a pessoa entra em um tempo mais contínuo e silencioso, no qual o progresso depende de prática e presença corporal.

Essa mudança de foco reduz a dispersão e cria uma experiência de concentração prolongada.

  • Redução da dispersão: foco mais estável em uma única tarefa.
  • Ritmo próprio: processos guiados por ciclos físicos e não por algoritmos.
  • Presença corporal: o corpo participa ativamente da experiência.
  • Sensação de continuidade: o que é produzido permanece no mundo físico.

Leia também: Ponte de Pamban: a história da ferrovia que é uma obra-prima da engenharia em pé há mais de um século

Qual a relação entre trabalho manual, felicidade e caráter

Autores como Richard Sennett aproximam o trabalho manual da figura do artesão, movido pelo desejo de fazer bem uma tarefa pelo próprio valor do fazer.

Assim, qualquer pessoa pode viver uma dimensão artesanal ao cultivar cuidado, paciência e atenção ao detalhe em suas atividades.

Na psicologia, o estado de fluxo costuma aparecer em tarefas desafiadoras e controláveis, muitas delas manuais, como tricô, marcenaria e culinária.

Esse mergulho concreto favorece a construção de identidade e tolerância à frustração, pois o resultado exige tempo e refinamento.

Quais práticas manuais podem ser integradas ao cotidiano

A proposta de Han não é abandonar a tecnologia, mas reequilibrar a vida com momentos protegidos para atividades manuais e contemplativas.

Pequenos rituais fora das telas ajudam a reconstruir limites entre trabalho, lazer e descanso.

Essas práticas podem ser simples e acessíveis, adaptadas ao espaço e ao tempo de cada pessoa, desde que envolvam envolvimento físico e atenção concentrada.

  • Cuidar de plantas ou de um pequeno jardim doméstico;
  • Cozinhar com calma, explorando novas receitas;
  • Aprender ou retomar um instrumento musical;
  • Costurar, bordar ou reparar roupas;
  • Fazer pequenos consertos ou marcenaria em casa;
  • Desenhar, modelar argila ou praticar artes plásticas.

Como o trabalho com as mãos contribui para a felicidade contemporânea

Ao recolocar o trabalho com as mãos no centro do debate sobre bem-estar, Han contrapõe a promessa de felicidade imediata das telas com uma vida ancorada em experiências físicas.

Tocar a terra, repetir gestos e acompanhar processos lentos devolve espessura ao tempo e aos objetos.

Em meio à pressão por produtividade e conexão ininterrupta, essa perspectiva oferece um caminho para uma existência menos volátil, na qual o corpo, as coisas e a paciência tornam-se pontos de apoio concretos para a saúde mental e emocional.

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