O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula se enfrentaram ontem na Band, no primeiro debate televisivo do segundo turno. Na busca por votos, ambos esquentaram dados e deram informações erradas.

O serviço de fact-checking de O Antagonista selecionou alguns exemplos:

Lula

“Quando eu governei, de 2003 a 2010 […] nós geramos 22 milhões de empregos”

Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o total de empregos formais gerados entre 2003 e 2010 foi, na realidade, de 15,384 milhões.

“No nosso governo, nada era escondido. A gente não tinha sigilo”

Gastos com cartões corporativos da Presidência da República entre o período de 2003 e 2010 foram classificados como sigilosos sob alegação de que se tratavam de “informações estratégicas para a segurança da sociedade e do Estado”. Ainda, em 2015, a ex-presidente Dilma Rousseff classificou como secretos documentos que envolviam a empreiteira Odebrecht, investigada na operação Lava Jato.

“Nós fizemos 18 universidades novas, 178 campis. Além do Prouni e do Fies”

Apesar de ter ampliado o acesso de estudantes ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o governo petista não criou o programa. O Fies existe desde 1999, quando o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso substituiu o Crédito Educativo (Creduc).

Bolsonaro

“Criamos então o Auxílio Emergencial de R$ 400. Nesse momento toda a bancada do PT votou contra na Câmara dos Deputados”

O Auxílio Brasil foi aprovado por meio da Medida Provisória 1061/2021, com orientação favorável pela bancada do PT. A posição contrária dos petistas se deu com relação à PEC dos Precatórios (PEC 23/2021), que adiava o pagamento de dívidas da União para financiar o programa de transferência de renda.

“Só de Auxílio Emergencial, em 2020, nós gastamos 15 anos de Bolsa Família”

De acordo com dados do Tesouro Nacional, a União pagou R$ 293,1 bilhões em Auxílio Emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade ao longo de 2020. Já o Bolsa Família distribuiu o equivalente a R$ 366 bilhões entre 2004 e 2015, em valores corrigidos pela inflação, conforme informações disponibilizadas pelo Ministério da Cidadania.

“O Brasil foi um dos países que [vacinaram] […] em tempo mais rápido”

Desde a disponibilidade de imunizantes no mundo, o Brasil levou mais de um mês para iniciar a vacinação contra a Covid-19. Além disso, o país passou por períodos de escassez de doses disponíveis, o que atrasou ainda mais a imunização. Até o momento, o país tem 80,4% da população vacinada, ficando em 39º lugar, conforme dados do Our World in Data.