Rodolfo Borges na Crusoé: Gol e castigo
Renato Marques se arrependeu no instante seguinte ao marcar um gol contra um goleiro lesionado, e não tem abuso de fair play que justifique
Henry Louis Mencken dizia que a consciência é aquela voz interior que nos adverte de que alguém pode estar olhando. Havia 7.303 torcedores no estádio Independência assistindo à partida entre América-MG e Santos em 24 de maio, pela Série B do Brasileirão, além das milhares de pessoas que acompanhavam o jogo pela televisão. Todos viram o atacante Renato Marques empurrar a bola para a baliza vazia enquanto o goleiro João Paulo, que acabara de romper o tendão de Aquiles do tornozelo esquerdo, pedia atendimento médico.
A cena é feia e desencadeou debates apaixonados sobre a conduta do atacante. Renato não infringiu nenhuma regra. Seu gol valeu e o América-MG venceu o Santos por 2×1. Mas sua atitude foi condenada pelos adversários, e os analistas mais românticos defenderam que o time mineiro deveria até ter entregado um gol aos adversários, para corrigir o deslize. Não seria a primeira vez.
O treinador argentino Marcelo ‘Loco’ Bielsa ordenou aos jogadores do inglês Leeds, que comandava em 2019, que permitissem que o Aston Villa empatasse o jogo após um gol marcado por sua equipe enquanto um jogador adversário que se machucara pedia atendimento. Boa parte dos jogadores do Aston Villa time parou de jogar. A cena entrou para a história pelo fair play, assim como poderia ter entrado a protagonizada por João Paulo e Renato.
Os pragmáticos argumentam que o fair play virou um subterfúgio para enganar os adversários e levar vantagem, principalmente do lado de baixo do Equador. É verdade. Os goleiros, que não precisam sair de campo para atendimento, se especializaram nesse tipo de subterfúgio. Quando seus times estão sendo muito pressionados, surge um incômodo no ombro ou algo parecido, os médicos entram em campo e o jogo esfria.
No caso de João Paulo, contudo, esse cenário não se aplicava. Era…
Leia mais em Crusoé
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)