Rodolfo Borges na Crusoé: “Botafogo virou máquina de tortura”
Existem várias formas de sair derrotado de uma partida de futebol. E o botafoguense experimentou as piores delas nas últimas semanas. Escrevi outro dia que os torcedores do Botafogo foram seduzidos a acreditar no time mais do que deviam, a esquecer a prudência costumeira e cantar vitória antes do tempo...
Existem várias formas de sair derrotado de uma partida de futebol. E o botafoguense experimentou as piores delas nas últimas semanas. Escrevi outro dia que os torcedores do Botafogo foram seduzidos a acreditar no time mais do que deviam, a esquecer a prudência costumeira e cantar vitória antes do tempo. Teve torcedor que chegou a tatuar o título deste ano no corpo. Eles foram levados a cair numa armadilha, enfim. Mas o enredo do Campeonato Brasileiro de 2023 já se tornou cruel demais.
“É um aparelho singular”, diz o oficial a um explorador em Na Colônia Penal (Companhia das Letras), de Kafka, ao apresentar sua máquina de tortura. “Como se vê, ele se compõe de três partes. Com o correr do tempo surgiram denominações populares para cada uma delas. A parte de baixo tem o nome de cama, a de cima de desenhador e a do meio, que oscila entre as duas, se chama rastelo”, continua.
O aparelho é utilizado para escrever no corpo do condenado com agulhas a norma infringida, para que ele a experimente “na própria carne”. No caso do conto de Kafka, seria escrito “Honra o teu superior!”, pois o condenado dormiu em serviço. No caso dos botafoguenses, ficará gravado na memória para sempre um trauma inacreditável e o conselho eterno: “Nunca acredite no seu time!”.
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