Rodolfo Borges na Crusoé: Antes fosse mentira
Shevchenko assumiu a Federação Ucraniana de Futebol instituindo teste de mentira para árbitros. O buraco do Brasil é mais embaixo: os juízes erram porque são ruins mesmo
A lenda do Milan Andriy Shevchenko assumiu a Federação Ucraniana de Futebol com a meta de espantar as desconfianças em relação aos árbitros do país. A principal medida foi a imposição de testes com polígrafos, detectores de mentira, para saber se os juízes são confiáveis, já que a Ucrânia tem um histórico de corrupção, subornos e combinação de resultados desde a época da União Soviética.
Outra medida foi sortear os árbitros que apitam cada partida. Segundo reportagem da revista The Athletic, “o exemplo mais famoso de seleção aleatória de árbitros no futebol europeu vem provavelmente de 1984-85, quando a Serie A, por apenas uma temporada, designou árbitros aleatoriamente para os jogos pela primeira vez”, também numa tentativa de limpar a imagem do futebol italiano.
Coincidência ou não, o Verona ganhou naquela temporada seu único Campeonato Italiano. A escolha dos árbitros voltou ao modo de sempre na temporada seguinte, vencida, como de costume, pela Juventus. Já na Ucrânia, um mês após as mudanças o sentimento geral é de que a qualidade da arbitragem já melhorou — nem que seja porque os árbitros estejam temendo punições.
No Brasil, o problema é outro. As denúncias recentes de manipulação de resultados não chegaram a envolver árbitros. Nosso buraco é mais embaixo: os apitadores erram porque são ruins mesmo. Ou mal formados. Ou não profissionalizados. A cada rodada, a qualidade dos juízes do país é tão ou mais debatida do que a qualidade dos jogadores e treinadores.
A baixa qualidade levanta suspeitas, como as do dono do Botafogo, John Textor, mas o fato é que todos os clubes são prejudicados — alguns mais do que outros, é preciso reconhecer, mas mais por seu tamanho e relevância, como o Flamengo, ou pela sua postura, como o Palmeiras. Não por acaso os cartolas se acostumaram a reclamar em entrevistas e notas públicas, para pressionar a arbitragem.
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