Crusoé: Ouro de tolo
Animação de cidades em receber Jogos Olímpicos ficou no passado. Em meio a tantas rejeições e protestos sobre as futuras sedes, o COI definiu que Brisbane, na Austrália, sediará os jogos de 2032
Em 1997, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tinha um bom problema nas mãos: 11 cidades queriam receber os Jogos Olímpicos marcados para dali a sete anos. Até que Atenas fosse a escolhida, governos do mundo todo fizeram o possível para que sua cidade tivesse a chance de passar pelo que Barcelona havia experimentado, cinco anos antes: uma transformação urbana, em que a cidade-sede das Olimpíadas 1992 se converteu em polo turístico cosmopolita.
Em 2017, a mesma reunião do COI foi bem mais melancólica: Paris e Los Angeles eram as duas únicas candidatas. Outras cinco cidades desistiram no caminho, seja por motivos próprios, seja por pressão da população. A decisão do Comitê foi não colocar franceses e americanos em competição: Paris saiu com um papel escrito 2024, e Los Angeles, 2028.
A diferença de entusiasmo nestes 20 anos revela uma verdade difícil de admitir: é caro demais sediar os jogos olímpicos — e o retorno econômico é incerto, quando não, nulo. Entre o sucesso de Barcelona e o desânimo às vésperas dos jogos de Paris, uma série de exemplos mostra como nem sempre receber atletas de mais de 190 países pode ser um bom negócio.
Economia
A principal barreira é, de fato, econômica. Nos anos 2000, a construção de joias arquitetônicas e instalações novas para os jogos tornou-se regra. Atenas gastou 15 bilhões de dólares em valores de 2004 (algo como 140 bilhões de reais hoje) para receber os jogos. Entre os vários banhos de loja que a cidade recebeu, estava um moderníssimo estádio olímpico assinado pelo renomado arquiteto Santiago Calatrava, substituindo o mítico Panatenaico, que recebeu os jogos na era antiga e na primeira edição da era moderna, em 1896.
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