Resistência à MP da reoneração alimenta preocupação com fiscal
Percepção de fraqueza do ministro da Fazenda para garantir as medidas de equilíbrio das contas públicas tem impactado juros e câmbio
Os juros futuros e o dólar devem continuar reagindo à deterioração da percepção fiscal. Além disso, a piora externa, com mercado de trabalho americano aquecido e as incertezas com a política europeia, pressionam o câmbio.
Por aqui, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sido visto cada vez mais fraco na ótica dos investidores. Após os ruídos com a reunião a portas fechadas com economistas na sexta-feira, 7, o ministro tenta acalmar o mercado com uma possível proposta de desindexação dos gastos obrigatórios indexados ao salário mínimo e ao crescimento da arrecadação.
Haddad deve apresentar ao presidente Lula opções para a mudança, entre elas a limitação desses gastos ao teto de crescimento real de 2,5% ao ano, como é observado para outras despesas discricionárias na regra do novo arcabouço fiscal.
Além disso, o Planalto tenta conter a resistência do setor produtivo à MP (Medida Provisória) 1227, que limita a utilização de créditos tributários relacionados ao PIS e à Cofins. Na segunda-feira, 10, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se reuniu com Lula para que o governa apresente uma alternativa à medida, sob o risco de devolução do texto do governo pelo Congresso Nacional.
Nesta terça-feira, 11, o presidente Lula se reúne com representantes do setor produtivo para tentar acalmar os ânimos e tentar uma solução para o impasse. Outra preocupação do petista é o impacto na popularidade do mandato com um possível aumento da inflação em função da medida.
Distribuidoras de combustíveis e representantes de postos avisam que a mudança proposta pelo governo deve afetar os preços da gasolina em até 11 centavos, a depender do repasse ao consumidor, a partir desta terça-feira.
O cenário tem pressionado o dólar, que sobe mais de 10% desde o início do ano, e fechou a sessão de segunda-feira, 10, no terceiro maior patamar do governo Lula, atrás somente de dois dias no início de janeiro de 2023. Os juros futuros seguem voláteis com a preocupação fiscal, e os investidores abandonaram dez as possibilidades de um novo corte na Selic neste ano.
Expectativa para inflação
Na agenda econômica, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga na manhã desta terça-feira, 11, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de maio. As estimativas apontam para uma aceleração do indicador na comparação mensal para 0,42% no mês passado, contra 0,38% em abril. Na leitura anual, o número também deve crescer, passando dos 3,69% acumulados até abril para 3,88% nos últimos 12 meses até maio.
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