O PIB e os porcos chineses
Luís Eduardo Assis, professor de economia da PUC e da FGV, explicou por que o Brasil não vai enriquecer exportando apenas farelo de soja para os porcos chineses...
Luís Eduardo Assis, professor de economia da PUC e da FGV, explicou por que o Brasil não vai enriquecer exportando apenas farelo de soja para os porcos chineses:
“Agro é tech, agro é pop, agro é tudo, diz o slogan da campanha publicitária. Será, mesmo? Pelas estatísticas oficiais do IBGE, que seguem a convenção internacional, a participação do setor agropecuário no PIB brasileiro foi de 4,4% no ano passado. Já foi bem maior. Em 1960, por exemplo, era de 17,7%. Caiu porque os outros setores cresceram mais que a agropecuária. Este fenômeno é global. Estatísticas do Banco Mundial mostram que a contribuição deste segmento para o PIB do mundo recuou de 7,6%, em 1995, para 4%, em 2018. Os países ficam mais ricos, regra geral, desenvolvendo o setor industrial e o segmento de serviços sofisticados. Os cinco países com maior participação da agropecuária no PIB têm uma renda per capita média de US$ 1,6 mil, no conceito de paridade de poder de compra (…).
O agronegócio é um grande trunfo do Brasil. É a nossa melhor parte. Seu sucesso se explica pelo apoio do Estado, tanto no crédito quanto na pesquisa científica, pela exposição à concorrência internacional e pela qualidade extraordinária dos empresários rurais, sempre dispostos a tomar riscos. Mas acreditar que o Brasil possa crescer puxado pelo setor é apenas uma ingênua quimera. Agro pode ser pop e é cada dia mais tech. Mas agro não é tudo.”
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