Mercado sobre Selic: daqui pra frente tudo vai ser diferente
Às vésperas de decisão, investidores apostam em redução no ritmo de cortes da Selic e opções indicam menos de 17% de chances de 0,50 p.p.
As chamadas opções de Copom da B3, que indicam a probabilidade dos próximos movimentos do Comitê de Política Monetária, encerraram as negociações desta terça-feira, 7, precificando 81% de chances de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros nesta quarta-feira, 8.
A data pode marcar a mudança na marcha do ciclo de relaxamento da política monetária brasileira, que se iniciou em agosto do ano passado com o primeiro dos seis cortes de 0,50 ponto percentual que levou a Selic de 13,75% ao ano para os atuais 10,75% a.a. em nove meses.
Na reunião passada do colegiado, realizada em março, o comunicado antecipava a manutenção do ritmo para o encontro de maio “em se confirmando o cenário esperado“. De lá para cá, a inflação oficial brasileira, que se encontrava em 4,5% na base anual, recuou para 3,93%. O IPCA-15 recuou de 4,49% para 3,77%. Ambos dentro dos limites da meta para 2024, que é de 3%, mais ou menos 1,5 ponto percentual.
Apesar da melhora nos indicadores de inflação nacionais, a pressão sobre os preços fora do país não apresentou a mesma dinâmica. O PCE (índice de gastos em consumo pessoal, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, saiu de 2,84% para 2,82% em base anual, ou seja, ficou praticamente estável. E esse número preocupou os agentes de mercado. Isso porque, se a inflação não cede, os juros por lá tem de ficar em terreno restritivo (isto é mais altos) por mais tempo.
O problema é que juros mais altos nos Estados Unidos tornam o dólar mais atraente aos investidores globais, e isso pode pressionar o real. Dessa forma, o Banco Central teria pouco espaço para baixar mais as taxas locais. Com o real desvalorizado, as importações ficariam mais caras, o que também pode atrapalhar o combate à inflação.
Esse foi o recado do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em diversas falas públicas em que indicou que essa incerteza sobre os rumos do combate à inflação no exterior poderia forçar a autoridade monetária brasileira a reduzir o ritmo dos cortes da Selic na reunião que se encerra nesta quarta-feira, 8.
O mercado parece concordar com RCN e tanto as opções de Copom negociadas na B3 quanto a precificação da curva futura de juros estão majoritariamente posicionadas para receber um corte de apenas 0,25 ponto percentual.
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