Lula muda discurso sobre Banco Central
"O presidente do Banco Central não pode dar um cavalo de pau num mar revolto, de uma hora para outra", disse o petista ao ser questionado sobre a alta nos juros
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Ainda não mudou nada no Banco Central sob a presidência de Gabriel Galípolo, iniciada em 1º de janeiro, mas Lula (foto) já mudou seu discurso em relação à taxa básica de juros.
Questionado sobre a alta de um ponto percentual na taxa básica de juros, anunciada na quarta-feira, 29, o petista disse que “o presidente do Banco Central não pode dar um cavalo de pau num mar revolto, de uma hora para outra”.
“Já estava praticamente demarcado a necessidade da subida de juros pelo outro presidente. E o Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer. Nós temos consciência de que é preciso ter paciência. Eu tenho 100% de confiança no trabalho do presidente do Banco Central. Eu tenho certeza que ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor no tempo em que a política permitir que ele faça”, disse Lula em entrevista coletiva.
“Nós, aqui, como governo, temos que cumprir a nossa parte, a sociedade cumpre a parte dela e o companheiro Galípolo cumpre a função que ele tem, que é de coordenar a política tributária brasileira, a política monetária brasileira e entregar para nós, dentro do possível, a inflação mais baixa, os juros mais baixo possível. É isso que vai acontecer”, completou o petista.
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E Campos Neto?
Durante os dois últimos anos da gestão de Roberto Campos Neto no Banco Central, Lula nunca tinha falado em “cumprir a nossa parte” no contexto de reduzir a taxa básica de juros. A responsabilidade era sempre do indicado de Jair Bolsonaro para o BC, sobre o qual o petista insinuava más intenções contra seu governo e contra o “povo brasileiro”.
Sobre Galípolo, Lula disse o seguinte nesta quinta:
“É um companheiro que, quando eu chamei ele para o Banco Central, eu disse: ‘Galípolo, você é meu amigo, mas você vai ser presidente do Banco Central. E no meu governo, o presidente do Banco Central vai ter autonomia de verdade, porque o [Henrique] Meirelles já teve durante oito anos. Não foi um dia, foram oito anos do Meirelles, quando o Meirelles tinha total autonomia. E você vai ter autonomia. Faça o que for necessário fazer. Agora, o que eu quero que você saiba é que o povo e o Brasil espera[m] que a taxa de juros seja, dentro do possível, controlada para que a gente possa ter mais investimento e mais desenvolvimento sustentável, gerar mais empregos e gerar mais distribuição de riqueza neste país. Eu não esperava milagre. Eu esperava que as coisas acontecessem da maneira que ele entendeu que deva acontecer.”
Combustíveis
Lula também vestiu o terno de presidente responsável ao falar sobre o aumento no preço do diesel e sobre a cobrança que fez aos seus ministros para baixar os preços dos alimentos, inflados com a ajuda dos gastos irresponsáveis de seu próprio governo.
“Eu não autorizei aumento do diesel. Porque, desde o meu primeiro mandato, que eu aprendi que quem autoriza o aumento dos derivados de petróleo é a Petrobras, e não o presidente da República”, disse o petista, sempre brincando e elogiando os jornalistas que participaram da entrevista.
“Essa é a primeira verdade que eu quero dizer. Eu já aprendi há muito tempo isso. Ah, e aprendi uma outra coisa: se a Petrobras tiver que fazer um reajuste — e veja a diferença, eu falei reajuste e você [repórter] falou de aumento —, é porque, se ela tiver que fazer um reajuste, ainda assim, não levando em conta o aumento da inflação de 2023 a 2024, sem contabilizar a inflação, se colocasse a inflação no preço, se ela fizer reajuste, ainda assim será menor do que dezembro de 2022“, completou.
Inflação
Questionado sobre a cobrança para que seus ministros arrumem um jeito de baixar os preços dos alimentos, Lula disse:
“Faço questão de dizer para vocês: eu não tomarei nenhuma medida daquelas que são bravata. Não farei cota, não colocarei helicóptero para viajar fazenda e prender boi, como foi feito no tempo do Plano Cruzado. Eu não vou estabelecer nada que possa significar o surgimento de mercado paralelo”, prometeu, enumerando questões que explicariam a alta nos preços, sem tocar na contribuição dos gastos irresponsáveis de seu governo para isso.
O Brasil conheceu nesta quinta a versão Sidônio Palmeira de Lula. O novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República escoltou o presidente na saída da entrevista coletiva sem esconder o sorriso no rosto. Acredita quem quiser.
Leia mais: Ata de Gleisi culpa Campos Neto por alta nos juros
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Comentários (1)
ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO
30.01.2025 18:42É um pilantra, né? Ele concedeu autonomia à Gabriel Galípolo autonomia de verdade no BACEN? Isso não existe para o presidente do BACEN desde 2021 quer ele, Lula, queira ou não? É um pilantra! Fala sempre para os "BOI": Bitolados, Oportunistas e Ignorantes.