Memes de Haddad atacam coração da política econômica petista
Imagens extravasam sentimentos que antes estavam reservadas às elites empresariais, financeiras e políticas
“Entender como as pessoas consomem política é um grande desafio“, escreve o cientista político Leonardo Barreto em sua coluna em Crusoé. O texto segue:
“Sabe-se que, de maneira geral, a movimentação do Congresso e do governo não é um assunto prazeroso. O noticiário é majoritariamente crítico, o tom é fiscalizatório e muito apaixonado. Nesse sentido, compreende-se que, fora a militância, dedicar tempo para a política representa uma espécie de custo para o cidadão comum, que deixa de fazer coisas mais prazerosas, como assistir a uma série ou ficar com a família, para saber se o governo está ou não se comportando com seriedade em relação às metas fiscais.
Mas, em democracias, os políticos dependem dos eleitores, pois o voto é o principal elemento de solução de disputas entre grupos (a outra alternativa seria a guerra). Para orientar o voto, é necessário que as pessoas consumam conteúdo político, nem que seja a contragosto. Não por acaso, o governo gasta tanto com comunicação institucional — eufemismo para o marketing oficial —, e o fundo público para campanhas partidárias só cresce. Encontrar formatos que chamem a atenção das pessoas para conteúdo político vale ouro (quase literalmente).
Os memes são um desafio sob qualquer aspecto que se olha a questão. Alcançados pela discussão teórica apenas recentemente, são definidos como expressão de uma cultura popular eletrônica, resultado da ultra democratização proporcionada pelas redes sociais, movimento de comunicação espontânea, forma de enquadramento político (tradução enviesada ou não da realidade) e até como instrumento revolucionário, papel que o humor e a sátira sempre cumpriram.
A grande avalanche de memes sobre Fernando Haddad e a busca de mais arrecadação é algo, portanto, que deve ser levado a sério. Em última instância, as mil e uma retratações do ministro da Fazenda como detentor de uma sanha arrecadatória irrefreável, combinada com outra disposição para gastar sem limites do presidente Lula, podem ter um efeito deletério para o governo até maior do que uma manifestação popular na avenida Paulista com meio milhão de participantes. Isso porque um movimento popular pode ser facilmente capturado pela oposição, minando sua credibilidade junto aos eleitores não alinhados, e uma maré de memes tem potencial de criar um novo senso comum.
Trata-se de um…”
Leia mais em Crusoé. Assine e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)