Haddad diz que não se surpreendeu com alta de juros
O ajuste de 0,25% era amplamente esperado pelo mercado financeiro, mas havia dúvidas sobre a amplitude da alta e a coesão do Comitê
Em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira à noite, 18, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não se surpreendeu com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar em 0,25% a taxa básica de juros, a Selic.
“Não me surpreendi. Mas eu só vou comentar a decisão depois da leitura da ata, na semana que vem, como de hábito. Vou dar uma olhada, vou conversar internamente o que esperar para um futuro próximo”, declarou ele na noite desta quarta.
Como mostramos mais cedo, o Copom do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros. A decisão foi tomada de forma consensual entre os nove diretores do BC que compõem o colegiado.
O ajuste era amplamente esperado pelo mercado financeiro, mas havia dúvidas sobre a amplitude da alta e a coesão do Comitê. Alguns especialistas entendiam que uma decisão dividida, como a ocorrida em maio, quando os quatro diretores indicados por Lula foram vencidos pelos cinco diretores indicados por Jair Bolsonaro, poderia elevar a desconfiança sobre a condução da política monetária a partir do ano que vem, quando a maioria do colegiado será de indicados do petista.
Na coletiva, Haddad também comentou a decisão do Banco Central Americano de reduzir sua taxa de juros. Lá, houve um corte de meio ponto percentual.
“Nós estávamos esperando para junho o corte do Banco Central americano, teve uma pequena turbulência no começo do ano. Mas agora deve entrar numa trajetória de cortes e deve ser duradouro, o que é ótimo para o Brasil e para o mundo. Isso dá um alívio doméstico grande”, disse Haddad.
Por qual motivo o Copom aumentou os juros?
No Comunicado divulgado nesta quarta-feira, o Copom repetiu o trecho sobre a preocupação com os “desenvolvimentos recentes da política fiscal que impactam a política monetária e os ativos financeiros”, e destacou uma piora no balanço de riscos.
“O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”, defendeu o colegiado no comunicado.
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