Os investidores locais acompanham a divulgação da avaliação bimestral do orçamento com atenção, após o Copom (Comitê de Política Monetária) apontar um aumento das incertezas na conjuntura doméstica. Para parte do mercado, o colegiado apontou para o cenário fiscal como um obstáculo para a manutenção do ritmo de cortes da Selic com a expressão.

As “incertezas” pesaram sobre os ativos nacionais na sessão de quinta-feira, 21, e o Ibovespa não tem acompanhou o rali positivo em Wall Street. O mau humor deve conter o otimismo que a equipe econômica tentará imprimir com relação ao relatório bimestral de receitas e despesas.

O resultado primário dos primeiros dois meses deve ser bem melhor que o esperado, em função de receitas não recorrentes que engordaram os cofres públicos neste início de ano. Apesar disso, as contas públicas ainda devem registrar déficit no período. Espera-se, ainda. que seja anunciado um bloqueio de 3 bilhões de reais e a manutenção da meta de déficit fiscal ainda em zero.

A expectativa é que além da surpresa positiva com o aumento das receitas, a revisão de gastos previdenciários com o INSS permitam ao governo contingenciar menos recursos.

Apesar disso, o mercado continua a dar como certa uma mudança na meta fiscal ainda este ano. As apostas são de que o alvo passaria para um déficit de 0,25% do PIB ou algo pior a partir da próxima avaliação bimestral do orçamento.

O impulso para mais gastos ganhou reforço nas últimas semanas com a queda de popularidade do presidente Lula nas pesquisas de opinião. Na quinta-feira, 21, o Datafolha mostrou que pela primeira vez desde a posse, a aprovação do presidente está no mesmo patamar que rejeição ao seu governo. De acordo com o levantamento, 35% consideram o trabalho do presidente ótimo ou bom, enquanto antes eram 38%. Já a reprovação subiu de 30% para 33%.