Felippe Hermes na Crusoé: O agro é pop
Situada em Planaltina, no Distrito Federal, a sede da Embrapa Cerrados conta com um inusitado jardim japonês. É por lá que estão depositadas as cinzas do pesquisador Masato Kobayashi...
Situada em Planaltina, no Distrito Federal, a sede da Embrapa Cerrados conta com um inusitado jardim japonês. É por lá que estão depositadas as cinzas do pesquisador Masato Kobayashi.
Desconhecido no Brasil, Kobayashi foi o líder da missão da JICA, a Agência Japonesa de Cooperação Internacional, em um dos projetos mais revolucionários já empreendidos no Brasil.
Ao contrário do mito descrito na carta do descobrimento de que por aqui “em se plantando tudo dá“, o Brasil passa longe de ser um país abençoado pela natureza.
Nossos problemas geográficos são diversos, não por coincidência, 60% da nossa população vive na região costeira.
Temos desde rios que correm para dentro, como o Tietê que nasce há 22 km do mar, mas percorre um caminho de 1136 Km até finalmente encontrar o oceano Atlântico, como também solos impróprios para o cultivo agrícola.
E foi justamente nesse segundo ponto que, em 1977, a Embrapa e a agência japonesa decidiram atuar.
Por meio dessa cooperação, o Brasil superou os desafios geográficos, incluindo pesquisa científica e técnicas de produção que permitiriam ao país explorar a atual região de maior produção agrícola no país, e que nos rende o autoapelido de “celeiro do mundo”.
Na prática, por meio de 7% do seu território, o Brasil alimenta um em cada sete habitantes no planeta.
Para ficar ainda mais claro: em 1977 o país produzia 38,2 milhões de toneladas de grãos. Em 2022, produziu cerca de 308,2 milhões de toneladas, um aumento de 8 vezes. No mesmo período, a população brasileira saltou de 113,9 milhões para 213,2 milhões de habitantes, “apenas” dobrando.
Essa relação é importante de ser entendida uma vez que, como você já deve ter lido, a produtividade brasileira está estagnada há quatro décadas. Isso significa que a riqueza produzida por trabalhador se mantém praticamente estável quando olhamos a economia como um todo.
Na prática, o Brasil aumenta seu PIB apenas aumentando o número de trabalhadores na ativa. O setor agrícola é uma exceção: sua produtividade cresce, em média, 3,3% ao ano, ou quase sete vezes mais que o total da economia.
E engana-se quem acha que isso decorre de uma expansão desenfreada de novas áreas de cultivo.
Cerca de…
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