FED evita o pior por enquanto, mas futuro ainda é incerto
A preocupação do mercado com o possível contágio da quebra de dois bancos norte-americanos redesenhou as expectativas para o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos e também foi sentido por aqui...
A preocupação do mercado com o possível contágio da quebra de dois bancos norte-americanos redesenhou as expectativas para o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos e também foi sentido por aqui. As taxas de juros norte-americanas cederam fortemente em todos vencimentos com destaque para os títulos mais curtos.
No dia, os rendimentos dos papéis com vencimento em dois anos chegaram a cair quase 50 pontos base, movimento sem precendente comparável desde 15 de setembro de 2008, quando a quebra do banco Lehman Brothers desencadeou a maior crise financeira global da história recente.
À época, os Estados Unidos começaram a cortar os juros logo em seguida até zerarem a taxa básica em dezembro do mesmo ano. O movimento nos mercados hoje precificou algo parecido e, praticamente, apagou as discussões da semana passada – que oscilavam entre apostas de alta nas taxas entre 0,25 p.p. e 0,50 p.p. – para antecipar cortes nas taxas norte-americanas em maio.
A curva de juros futuros por aqui acompanhou a americana e também cedeu forte em todos os vértices. O mercado também antecipou o início do ciclo do corte da Selic para maio, além de começar a apontar uma possível redução na taxa já na próxima reunião do Banco Central, na semana que vem. Vale lembrar que, em 2008, a Selic também começou a cair apenas três meses após o evento do Lehman Brothers.
Por enquanto, o cenário parece ter sido controlado pelas reiteradas declarações do FED (Federal Reserve) e do presidente dos EUA, Joe Biden, de que as instituições não deixarão que haja um efeito dominó no setor bancário e que honrarão o volume total de depósitos nas instituições bancária, garantindo que nenhum cliente ficará sem receber a totalidade dos valores sob custódia caso o banco enfrente dificuldades de liquidez.
Nas bolsas, poucos investidores parecem dispostos a pagar pra ver. O S&P 500, índice que reúne as maiores empresas norte-americanas, operou entre quedas de até 1,5% e altas de 1% durante o dia para fechar as negociações em baixa de 0,15%, aos 3.855 pontos. O índice de bancos regionais registrou a maior queda entre os índices setoriais e encerrou em baixa de 14,87%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, também fechou em queda (-0,48%) puxado por petroleiras e bancos, aos 103,1 mil pontos.
O dólar se desvalorizou contra as principais moedas globais e só avançou contra o real brasileiro e o peso mexicano, das 16 na lista. A moeda norte-americana se valorizou cerca 0,80% contra o par brasileiro para fechar o dia cotada a R$ 5,26, após máximas durante o dia de 1,30%.
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