Faria Lima preocupada com Brasília
Risco Fiscal volta ao radar com a dificuldade do governo em conseguir aumentar a arrecadação para fazer frente ao nível de gastos previstos para o ano
A semana do mercado financeiro deve ser de atenção aos movimentos no planalto central. Entre os pontos de que causam apreensão estão a pressão governista sob a presidência da Vale e o futuro da MP (Medida Provisória) da reoneração.
Na sexta-feira, 29, novos rumores sobre a troca de comando na mineradora, movimentaram a bolsa de valores brasileira. A notícia de que Guido Mantega não estaria mais nos planos do Planalto para a presidência da Vale aliviaram os investidores e fizeram com que a ação da companhia recuperasse parte das perdas anteriores.
No entanto, uma série de coincidências prejudiciais à mineradora têm deixado o mercado financeiro preocupado sobre a real intenção do governo com a empresa.
o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, cancelou uma reunião com líderes partidários que discutiria a Medida Provisória da reoneração e o veto do ex-presidente Lula às emendas de comissão. A percepção é que o encontro seria esvaziado devido ao recesso parlamentar. No entanto, Lira estará em Brasília e pretende conduzir conversas informais. A esperança é que nos próximos dias haja algum avanço nas discussões sobre a pauta fiscal.
Outro fator relevante é o recuo do ex-presidente Lula na indicação de Guido Mantega para a presidência da Vale. Essa decisão trouxe alívio ao mercado financeiro e impulsionou o Ibovespa na última sexta-feira. Ainda não está claro se Mantega poderá ocupar uma das duas vagas da Previ no conselho de administração da mineradora.
Na própria sexta-feira, 26, o governo cobrou a mineradora de 25,7 bilhões em outorgas não pagas na renovação antecipada dos contratos das estradas de ferro Carajás e Vitória Minas da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A notificação foi assinada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho.
A expectativa é que haja um desfecho para a questão ainda esta semana, quando o Conselho de Administração da empresa deve definir sobre quem será o novo presidente da mineradora. O governo tem deixado claro que não apoia a recondução do atual presidente Eduardo Bartolomeu.
No Congresso Nacional, o cancelamento de uma reunião entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e líderes partidários para tratar da MP da reonearação também está no radar dos investidores.
A medida tem sido apontada pela equipe econômica como vital para a manutenção da meta fiscal de zerar o déficit primário em 2024. No entanto, o texto tem enfrentado forte resistência no parlamento e correu o risco, inclusive de ser devolvido ao Palácio do Planalto sem sequer ser apreciada por senadores e deputados.
Na agenda econômica, a semana também promete ser agitada com importantes eventos econômicos e financeiros. O destaque fica para as decisões de política monetária do FED (Federal Reserve), BC (Banco Central do Brasil) e BoE (Banco da Inglaterra). Além disso, divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) referente ao mês de janeiro, os balanços das grandes empresas de tecnologia em Nova York, dados de atividade econômica na China e o colapso da incorporadora Evergrande devem movimentar os mercados. .
No que diz respeito aos juros, a expectativa é que tanto o FED quanto o BoE mantenham as taxas de juros nas respectivas faixas, entre 5,25% e 5,50%. Por aqui, um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, para 11,25%, também é dado como certo.
Como tem sido a tônica das decisões recentes, os comunicados dessas instituições e que devem balizar as apostas para os juros futuros.
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