Estaria Haddad sucumbindo?
"Eu fico me perguntando se ele mesmo não está sucumbindo a um certo negacionismo econômico", diz o empresário Horacio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp
Ex-presidente da Fiesp e atual presidente o conselho de administração da Klabin, Horacio Lafer Piva já não sabe se confia da mesma forma no ministro da Fazenda, Fernando Haddad (foto).
Em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo nesta sexta-feira, 20, o empresário diz o seguinte:
“Eu sempre dei para Haddad o benefício da dúvida, porque é uma pessoa inteligente, bem-intencionada. Ele parecia, até agora, um marinheiro tentando remar em um mar revolto e cheio de tubarões.
Eu reconheço a vida dura dele, mas nesses últimos tempos, eu fico me perguntando se ele mesmo não está sucumbindo a um certo negacionismo econômico, porque ele mesmo tem dito: ‘Eu conversei com os bancos, e as previsões não são tão ruins. Nas conversas, são melhores do que o mercado divulga…’, e essa coisa toda…“
Narrativa
Haddad embarcou na narrativa do governo contra o mercado na quarta-feira, 18, durante entrevista na saída do Ministério da Fazenda.
“Há contatos conosco falando em especulação, inclusive jornalistas respeitáveis falando disso. Eu prefiro trabalhar com os fundamentos, mostrando a consistência do que nós estamos fazendo em proveito do arcabouço fiscal para estabilizar isso. Mas pode estar havendo”, comentou o ministro, dando moral para a conversa de desqualificação do mercado.
Lafer também sugeriu que está perdendo a confiança em Simone Tebet, ministra do Planejamento:
“Em uma terra de cegos, o Haddad e a Simone eram os que tinham um olho. Mas também não está adiantando muito, porque no fundo eles têm sido atropelados. E quando eles vêm com um discurso ainda muito governista, a gente fica preocupado, porque a gente começa a achar que as pessoas não estão vendo o que está acontecendo.”
Galípolo
E sobre Gabriel Galípolo, que assumirá o Banco Central por indicação de Lula e refutou na quinta, ao lado do “amigo” Roberto Campos Neto, a narrativa do governo Lula contra o mercado, o que diz Lafer?
“A gente não sabe ainda muito bem quem é o Galípolo. Ele está chegando. Ele poderia ser, mas eu acho que ele também, de alguma maneira, vai ter de ter um certo jogo de cintura, porque ao fim e o cabo, quem manda é a política. Então, a gente não sabe exatamente como é que o Galípolo vai resistir a isso. O Roberto Campos tentou, em vários momentos, ter uma posição de defesa do Banco Central independente e da sua opinião como presidente do Banco Central. Vamos ver se o Galípolo consegue uma coisa parecida.”
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