Apesar da empolgação do ministro da Fazenda Fernando Haddad, a ideia de elevar os impostos dos super-ricos ganhou um item mirrado na declaração final do encontro do G20, realizado no Rio de Janeiro.

O trecho começa admitindo que cada país tem total independência para determinar o seu sistema tributário, e depois segue com uma declaração de boas intenções.

“Com total respeito à soberania tributária, nós procuraremos nos envolver cooperativamente para garantir que indivíduos de patrimônio líquido ultra-alto sejam efetivamente tributados. A cooperação poderia envolver o intercâmbio de melhores práticas, o incentivo a debates em torno de princípios fiscais e a elaboração de mecanismos antievasão, incluindo a abordagem de práticas fiscais potencialmente prejudiciais“, diz a declaração do G20.

Haddad propunha que a taxação de impostos dos super-ricos tivesse um fim nobre: “Se os bilionários pagassem o equivalente a 2% de sua riqueza em impostos, poderíamos arrecadar de 200 bilhões de dólares a 250 bilhões de dólares por ano. Ou seja, aproximadamente cinco vezes o montante que os 10 maiores bancos multilaterais dedicaram ao enfrentamento à fome e à pobreza em 2022“.

Mas a pouca atenção dada pelo G20 mostra que a solução aventada pelo ministro está longe de virar uma política global.

A taxação dos super-ricos já enfrenta a rejeição de vários países, alguns dos quais já a abandonaram por ser de difícil implementação e por trazer resultados indesejáveis.

Luta de classes

Na China e na Rússia, dois integrantes do G20, ideias como essa não agradam porque podem aumentar a indignação com a casta de privilegiados, sejam eles os altos dirigentes do Partido Comunista ou os oligarcas amigos do ditador Vladimir Putin.

Nos Estados Unidos, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, foi contra a ideia ventilada no Rio de Janeiro.

“Política tributária é muito difícil de ser coordenada globalmente. Nós não vemos uma necessidade ou achamos que é desejável tentar negociar…

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