Crusoé: Ruim com Prates, pior sem ele
Nova presidente da estatal, indicada por Dilma, deverá ampliar investimentos em negócios e regiões de interesse do Planalto
O mercado de óleo e gás brasileiro foi chacoalhado na noite de terça, 14, com a notícia da demissão do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. As ADRs (Recibos de Depósito de Ações, na sigla em inglês) americanas despencaram mais de 8% durante a madrugada em Wall Street, e os dois dias seguintes eliminaram cerca de 50 bilhões de reais de valor de mercado da petroleira na bolsa brasileira.
Prates anunciou a própria saída após uma conversa em que o presidente Lula pediu para que abandonasse o cargo sem muitas explicações. O ex-senador então encaminhou a colegas de trabalho e amigos uma mensagem feita para vazar à imprensa.
“Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração”, dizia o comunicado do presidente da Petrobras, apontando os responsáveis pela sua saída.
A demissão realmente foi a coroação do processo de desentendimento entre os três atores. Na configuração inicial da partilha promovida por Lula na Petrobras, Prates ficaria com a diretoria da petroleira, enquanto os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) seriam responsáveis pela composição do conselho de administração da companhia.
O presidente da estatal tentou influir nos nomes para o colegiado e acabou envolvido em uma das primeiras quedas de braço públicas com Silveira. Em maio do ano passado, o ministro de Minas e Energia convocou os integrantes do conselho para uma reunião sem a presença ou o conhecimento de Prates.
Em seguida, Silveira cobrou a Petrobras pelo aumento de produção de gás natural, que vinha pressionando os custos de fábricas de fertilizantes, como a antiga Fafen Bahia – em Camaçari – área de influência do ministro da Casa Civil. Rui Costa. À época, Prates apareceu ao lado de Aloizio Mercadante (presidente do BNDES) e rebateu as críticas. “Não adianta só berrar pelo jornal nem achar que um está rindo demais e outro está fazendo careta. Não adianta nem careta nem sorriso. Adianta trabalhar junto e convergir”, provocou.
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