Crusoé: Bloqueio ao petróleo trará perdas bilionárias à Venezuela
Entenda como o bloqueio a petroleiros venezuelanos afeta o mercado mundial de energia e aprofunda a crise econômica do país
Ao autorizar a interdição de navios petroleiros ligados a operações sancionadas na Venezuela, Donald Trump mira diretamente a principal fonte de receita da ditadura de Nicolás Maduro.
Em uma economia quase inteiramente dependente do petróleo, qualquer interrupção nesse fluxo tem efeitos imediatos sobre o caixa do governo e sobre a capacidade de importar alimentos, combustíveis e medicamentos.
Segundo reportagem do Wall Street Journal, a medida atinge o mercado paralelo de petróleo venezuelano, sustentado por uma rede informal de intermediários, navios e rotas alternativas.
Segundo analistas ouvidos pelo jornal, e esse circuito pode movimentar cerca de 8 bilhões de dólares por ano.
Com o bloqueio, boa parte dessa receita tende a desaparecer ou a se tornar ainda mais difícil de realizar.
Já há relatos de navios evitando portos venezuelanos, cargas retidas no mar e operações suspensas por medo de sanções secundárias.
O impacto no mercado mundial de petróleo, porém, tende a ser limitado. Apesar das enormes reservas, graças ao sucateamento de seus equipamentos da estatal PDVSA, a produção venezuelana hoje representa uma fração do que era há algumas décadas, tendo peso pequeno na oferta mundial.
Ainda assim, os preços reagiram, refletindo o aumento do risco geopolítico e da incerteza sobre rotas e entregas.
Só que o efeito mais relevante não estaria no volume de barris que deixam de circular, mas na imprevisibilidade criada pela presença naval americana e pelo endurecimento das sanções.
Esse risco latente encarece seguros, aumenta prêmios de risco e torna o comércio mais cauteloso.
Sanções mais duras raramente produzem mudanças políticas rápidas.
Em geral, deterioram ainda mais a economia, reduzem a entrada de dólares e empurram o país para soluções improvisadas, enfraquecendo os governantes no poder.
Em Caracas, o governo reagiu acusando os Estados Unidos de violar o direito internacional, prometeu recorrer a organismos multilaterais e disse que sua marinha passaria a escoltar os navios com petróleo venezuelanos, enquanto tenta demonstrar força interna.
A marinha venezuelana não tem condições alguma de enfrentar a frota americana na região, o que só reforça a possibilidade do anúncio ser bravata de Maduro ou, se não for, de catalisar o início de uma operação militar contra o país caribenho…
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