China dá um susto no mundo
Nos últimos dias, os efeitos da pandemia na China ecoaram no mundo, visto que o país passou a mensurar de forma mais acurada os possíveis impactos de um agravamento econômico. Desde o início da Covid-19, a China passou praticamente ilesa pela situação geral, quando comparada com outras economias, com a sua política de “Zero Covid"...
Nos últimos dias, os efeitos da pandemia na China ecoaram no mundo, visto que o país passou a mensurar de forma mais acurada os possíveis impactos de um agravamento econômico.
Desde o início da Covid-19, a China passou praticamente ilesa pela situação geral, quando comparada com outras economias, com a sua política de “Zero Covid”, que coloca em isolamento e quarentena quaisquer regiões que apresentem contaminações.
Isso funcionou muito bem. No entanto, a população possivelmente não se imunizou, como ocorreu no Ocidente, e agora esse efeito veio cobrar a sua conta.
Rumores de um possível lockdown em Beijing, que já está acontecendo em alguns bairros residenciais, causaram uma corrida aos supermercados, deixando prateleiras vazias. O índice das bolsas chinesas, o CSI 300, caiu 4,94%, atingindo o menor nível desde junho de 2020 e 35% abaixo da máxima de agosto de 2021. O Banco Central chinês cortou a taxa de depósitos compulsórios de 9% para 8% em moeda estrangeira. O preço do minério de ferro caiu 10,94%. O yuan se depreciou em 3%, nos últimos 5 dias.
Esse efeito já foi sentido na nossa Bolsa, na qual as empresas exportadoras sofreram bastante. A Vale, por exemplo, está operando em 25% abaixo da sua máxima do ano.
Isso tudo é preocupante, mas continuamos otimistas com nossa tese de que o mercado de commodities vai continuar aquecido e de que a economia chinesa se encontra numa posição ímpar, quando comparada com outros países.
Diferentemente da Europa, que ainda nem começou a restringir sua política monetária, ou dos Estados Unidos, que deram apenas o primeiro passo, a China já completou seu ciclo de aperto monetário e se encontra na situação oposta, podendo estimular a sua economia enquanto os outros são obrigados a fazer o contrário.
Esse contraste, ainda mais em um cenário quase completamente controlado, deve causar ainda uma dinâmica descolada da do restante do mundo. Ela pode vir de várias formas, mas acabará batendo nos preços das commodities, uma das poucas coisas que o governo não controla.
Assim, apesar desse susto, continuo com a visão de que as nossas exportadoras ainda são os melhores setores da bolsa brasileira e que estamos vendo um provável exagero com esse movimento recente.
Rodrigo Natali, estrategista-chefe da Inv Publicações
Nota: Movimentos na economia chinesa, fatalmente, causam impactos nos mercados de todo o mundo — e também no Brasil. Você precisa estar preparado para não ser pego de surpresa. Especialista em macroeconomia doméstica e internacional, Rodrigo Natali trabalha diariamente para levar até você as melhores “sugestões de investimentos” em qualquer cenário. No programa “Você Gestor”, com o auxílio de Nícolas Merola, analista financeiro certificado (CNPI), Rodrigo simula uma carteira multimercado em tempo real, com trades em posições de índice futuro, dólar, S&P 500, ações e opções. Em um único dia, na sexta-feira, 22/4, enquanto muita gente curtia o feriadão, essa carteira propiciou ganho de +5,4% para seus seguidores. Conheça o programa “Você Gestor” clicando aqui.
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