BC unânime mantém Selic em 10,50% a.a. e cala Lula
Decisão era esperada pelo mercado financeiro e esvazia a retórica petista de uma autoridade monetária politicamente engajada em prejudicar o governo
O Banco Central manteve a taxa básica de juros inalterada, como amplamente esperado pelo mercado. Todos os diretores da autoridade monetária concordaram com a interrupção do ciclo de queda da taxa básica de juros iniciado em agosto do ano passado, quando a Selic estava em 13,75%.
O colegiado apontou as incertezas econômicas e a desancoragem das expectativas de inflação como principais motivadores para encerrar o ciclo de cortes. “O Comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela. Ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas“, afirmou o colegiado em comunicado.
Como antecipado por O Antagonista, a decisão unânime entre os membros do colegiado esvazia a retórica de Lula de que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, seria o culpado pela patamar atual da Selic e deve tranquilizar o mercado, que, após a decisão dividida, na reunião de maio, passou a desconfiar de que uma composição de maioria de indicados do petista seria mais leniente no combate à inflação.
No encontro anterior do Comitê, os quatro diretores do BC indicados por Lula votaram pela manutenção dos cortes da Selic em 0,50 ponto percentual, enquanto os cinco membros indicados no governo anterior impuseram, por maioria, a redução na velocidade de redução para 0,25 ponto percentual.
Na entrevista que concedeu na terça-feira, 19, Lula disse que, para o lugar de Roberto Campos Neto, apontaria uma pessoa madura, calejada, responsável. “Alguém que tenha respeito pelo cargo que exerce e alguém que não se submeta a pressões de mercado“, afirmou, no que foi visto como uma senha para os diretores indicados pelo petista para um posicionamento de continuidade de afrouxamento monetário.
Por enquanto, a pressão não funcionou, mas é de se esperar que, para compensar, Lula busque nomes ainda mais subservientes para a autoridade monetária a partir de agora.
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