BC mantém Selic em 10,50% e alerta para cenário fiscal
Colegiado incluiu expressão para destacar efeitos deletérios da política fiscal frouxa do governo nas expectativas dos agentes e na inflação
O Banco Central manteve a taxa básica de juros inalterada, como amplamente esperado pelo mercado. Pela segunda reunião consecutiva, todos os diretores da autoridade monetária concordaram com a manutenção da Selic no patamar atual de 10,50% ao ano.
Em maio, quando o grupo resolveu fez o último corte na taxa, a decisão foi dividida, com os indicados de Lula no BC votando a favor da manutenção no ritmo de reduções e os apontados por Bolsonaro defendendo um corte de apenas 0,25 ponto percentual. O evento gerou muitos ruídos sobre possível ingerência polítca na autarquia, que foi pacificado com o alinhamento posterior.
Desta vez, o colegiado voltou a apontar as incertezas econômicas e a desancoragem das expectativas de inflação como principais motivadores para a manutenção da taxa. “Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado. A desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes“, afirmou o Copom em comunicado.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária“, completou o documento.
No comunicado, houve espaço também para a inclusão de um alerta mais incisivo sobre os efeitos do desequilíbrio nas contas públicas e o reflexo na inflação em função da política expansionista do governo. “O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes“, destacou o texto.
Como antecipado por O Antagonista, a expectativa maior para esta reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC era o comunicado e o posicionamento do colegiado acerca dos próximos encontros, uma vez que a precificação de mercado aponta para altas de 0,25 ponto percentual em todas as quatro reuniões até o fim de de 2024.
Embora o documento tenha incluído os riscos da depreciação cambial recente no texto e dos impactos do rombo fiscal, apenas repetiu o aviso de que “eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta“.
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