Até indicado de Lula ao BC refuta narrativa do governo sobre dólar
"Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico", disse Gabriel Galípolo, em meio a elogios a Roberto Campos Neto, eleito como inimigo pelos petistas
Indicado por Lula para presidir o Banco Central a partir de 1º de janeiro de 2025, Gabriel Galípolo (foto) refutou nesta quinta-feira, 19, a narrativa governista de que o real está sendo alvo de um ataque especulativo.
Diretor de Política Monetária do BC até o fim deste mês, Galípolo participou de entrevista coletiva ao lado do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, a quem agradeceu com bastante elogios a “transição entre amigos“ — em contraste com os ataques feitos pelos petistas nos últimos dois anos.
“Vou responder aquilo que eu digo aqui no Copom e quando eventualmente o Banco Central é chamado pelo governo para poder esclarecer questões desse tipo”, disse Galípolo ao ser questionado sobre o assunto, e logo depois de Campos Neto questioná-lo: “Acho que a gente tem a mesma opinião, quer responder?”.
“Não é correto“
“Eu acho que não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, vamos dizer assim. Como se fosse uma coisa só, que está coordenada, andando num único sentido. Basta a gente entender que o mercado funciona geralmente com posições contrárias: existe alguém comprando e alguém vendendo. Então, toda vez que o preço de algum ativo se mobilize em alguma direção, você tem vencedores e perdedores”, explicou.
“Então, eu acho que a ideia de ataque especulativo enquanto algo coordenado não representa bem, eu acho, como a gente pode estar explicando como o movimento está acontecendo no mercado hoje. E faço questão de sublinhar que é isso que eu repito, inclusive em todas as reuniões quando a gente é chamado, porque essa minha interpretação é bem compreendida e aceita nas minhas interlocuções, seja com o ministro Fernando Haddad, seja com a ministra Simone Tebet, seja com o convite vice-presidente Geraldo Alckmin e seja com o presidente da República”, completou Galípolo.
Não é o que deu a entender o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao endossar, em entrevista na quarta, a alegação de que a cotação do dólar na terça foi influenciada por fake news, como se o valor da moeda americana não estivesse subido desde 27 de novembro, quando ele apresentou seu frágil pacote fiscal.
“Muito ruído“
A Advocacia Geral da União (AGU) também embarcou na fake news e pediu à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abertura de investigação sobre “possíveis crimes contra o mercado de capitais, a partir da veiculação, em rede social, de desinformação envolvendo a política monetária brasileira, o Banco Central e seu futuro presidente, Gabriel Galípolo”.
“Acho que às vezes existe muito ruído do ponto de vista de comunicação, e acho que é normal esse tipo de ruído, mas acho que é importante esclarecer essa visão, e que ao final do dia cabe, sempre, todo mundo que está do lado de cá, tentar fazer o melhor trabalho possível para incentivar que aqueles preços ativos, que se comportam melhor quanto melhor estiver andando a economia e a sociedade, apresentem vantagens para aqueles que fizeram esse tipo de de visão”, completou Galípolo.
As declarações de Galípolo parecem ter ajudado nos esforços do Banco Central para segurar o dólar. Após a moeda americana atingir o recorde de 6,30 na manhã desta terça, o BC promoveu dois leilões, no total de 8 bilhões de dólares, e a moeda americana marcava 6,12 reais por volta das 14h.
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Comentários (2)
Alexandre Ataliba Do Couto Resende
19.12.2024 14:59Qualquer pessoa com 2 neurônios saudáveis realizando sinapses é capaz de entender que essa alta do dólar não tem nada a ver com fake news. Se falam o contrário ou é má fé, desonestidade intelectual ou total ausência de sinapses.
eduardo henrique da silva mattos
19.12.2024 14:29É lula e PT não tem pra onde correr , que só quer gastar , gastar e gastar , o barco já está afundando