Ações da Vale sobem após desarme da “bomba Mantega”
Solução caseira da mineradora deve encerrar a sanha do governo pelo cargo, mas dificilmente vai acabar com as tentativas de avanço do Estado
Os papéis da maior mineradora brasileira lideram as altas dos Ibovespa, principal índice acionário do país, no dia seguinte à divulgação da escolha do novo nome para presidir a empresa a partir do ano que vem. Às 12h10, as ações da empresa estavam em alta de 2,93%.
A escolha unânime pelo Conselho de Administração da companhia pelo nome de Gustavo Pimenta enterra de uma vez por todas as tentativas do governo Lula de assumir o comando da Vale.
Em janeiro deste ano, rumores davam conta de que ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estaria ligando a membros do Conselho de Administração da Vale para que defendessem a candidatura do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega à presidência da companhia. À época foi dito que o ministro teria sido incisivo sobre o assunto e deixado claro que o presidente Lula queria o companheiro no principal assento executivo da empresa e não em uma cadeira do conselho, como chegou a circular dias antes.
No dia, as ações da Vale caíram cerca de 3% depois que as notícias tomaram as mesas de negociações. No fim da sessão, os papéis que chegaram a subir cerca de 2% fecharam as negociações em queda de 1%. Lula voltou atrás, pero no mucho. Desde então tem adotados discursos que parecem ameaçar o setor.
Na segunda-feira, 26, durante discurso no lançamento da Política Nacional de Transição Energética, o petista voltou a cobrar o ministro Silveira sobre a necessidade de uma nova política de mineração. Nesta terça-feira, 27, Lula lembrou das privatizações e exaltou o fato de ter retirado a Telebrás do rol de empresas a serem privatizadas. “Uma empresa como a Telebras é a chance que temos de discutir a inteligência artificial sem depender de dois ou três países“, discursou em visita ao Centro de Operações Espaciais da Telebrás.
Durante a crise causada com a tentativa de Lula de tentar tomar a privatizada Vale, dois conselheiros da empresas desistiram dos cargos em função da pressão. Em março, o conselheiro independente José Luciano Penido saiu atirando e acusou uma “nefasta influência política” na carta de saída. A conselhoria Vera Marie Inkster renunciou ao cargo em julho.
Gustavo Pimenta foi uma solução caseira apresentada pela Vale para evitar a pressão externa. O executivo é o atual diretor de Finanças e Relações com Investidores da empresa e assume a liderança da mineradora em 1º de janeiro de 2025. Até lá, o atual CEO Eduardo Bartolomeu segue à frente do negócio.
Pimenta é executivo com experiência global nos setores financeiro, de energia e mineração, e com
uma carreira desenvolvida ao longo de mais de 20 anos no Brasil, Estados Unidos e Europa. É formado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em Finanças e Economia pela Fundação Getúlio Vargas.
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