A pesquisa do tal Heleno
O general Augusto Heleno perguntou no Twitter por que “uma empresa de investimentos do porte da XP banca uma pesquisa do tal de Ipespe”, que “entrevistou apenas 1000 (um mil) pelo telefone”. A pergunta que tem de ser feita, na verdade, é outra: por que o general insinuou que uma pesquisa pode ter sido manipulada no mesmo dia em que outro general, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, atacou o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso...
O general Augusto Heleno perguntou no Twitter por que “uma empresa de investimentos do porte da XP banca uma pesquisa do tal de Ipespe”, que “entrevistou apenas 1000 (um mil) pelo telefone”.
A pergunta que tem de ser feita, na verdade, é outra: por que o general insinuou que uma pesquisa pode ter sido manipulada no mesmo dia em que outro general, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, atacou o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, segundo o qual os militares estariam sendo orientados a questionar a lisura do processo eleitoral?
O fato é que o resultado de todas as principais pesquisas é praticamente igual, e isso atrapalha o discurso golpista de que pode haver fraude nas urnas. Os dois generais parecem ter sido devidamente orientados a repetir a mesma versão.
Sobre a amostra da pesquisa da XP, vale a pena ver o que aconteceu neste domingo, na disputa entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen. O primeiro venceu com mais de 17 pontos de margem: 58,54% a 41,46%. O instituto que mais se aproximou do resultado final foi o Ipsos, que divulgou duas pesquisas na sexta-feira. Uma delas, encomendada pelo Le Monde, entrevistou presencialmente 12 mil franceses, e mostrou Macron com uma vantagem de 13 pontos: 56,5% a 43,5%. No mesmo dia, o próprio Ipsos divulgou uma pesquisa feita pela internet com apenas 1.600 eleitores. O resultado foi ainda mais certeiro: 57% a 43%. No dia anterior, o instituto Atlas havia publicado outra pesquisa feita pela internet, com 2.200 eleitores, e errou feio, dando uma vantagem de apenas 6 pontos para Macron. O tipo de pesquisa e o tamanho da amostra, portanto, tiveram menos peso do que os modelos matemáticos usados pelos institutos.
As pesquisas são fundamentais para o exercício democrático, assim como para os bancos, que investem de acordo com as perspectivas da economia. Se o Palácio do Planalto não acredita nelas, é melhor parar de encomendá-las com dinheiro público, não é não, Heleno?
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