A casa evangélica
Yago Martins é um pastor batista. Assim como tantos evangélicos, ele votou em Jair Bolsonaro em 2018, no primeiro turno e no segundo. Mas nunca mais vai votar...
Yago Martins é um pastor batista. Assim como tantos evangélicos, ele votou em Jair Bolsonaro em 2018, no primeiro turno e no segundo. Mas nunca mais vai votar.
Em entrevista para a Folha de S. Paulo, ele disse:
“Não sou bolsominion arrependido. Nunca fui bolsominion. Sempre votei nele com muitas críticas. Fui colega do Eduardo Bolsonaro na pós-graduação. Eu o vi falando dos primeiros movimentos para o pai galgar à Presidência. A gente achava que era uma piada. Como que o cara do Superpop vai conseguir ser presidente do Brasil? Só que ele cumpriu um papel de contenção, talvez baseado num nível de imaturidade política nossa. Ele era uma das poucas pessoas que falava contra certos exageros da esquerda. Mas eu entendia todas as limitações do Bolsonaro. Para mim, ele sempre foi um maluco. Eu dizia: entendo quem vota nele apesar dos seus defeitos, nunca vou entender quem vota por causa dos seus defeitos.”
Ele disse também que as grandes igrejas evangélicas, que apoiam Jair Bolsonaro, vão se acertar fisiologicamente com Lula:
“A aposta em Bolsonaro como representativo de uma força evangélica, mesmo ele sendo católico, o que é muito esquisito, é algo que fez com que as apostas dobrassem em 2018. Criou-se um antagonismo extremo entre o que é a religião cristã e o que é uma posição mais à esquerda. Mas é muito fácil fazer com que o pessoal tenha memória curta. A partir do momento em que as forças mudam, é provável que as alianças se tornem um pouco mais ocultas. Estou falando dos grandes grupos neopentecostais, que movem muito dinheiro e muita massa. Agora, a maioria das igrejas é pequena, com pastores que não são famosos. O cristão comum vai ter essa ruptura com mais facilidade. Você vai ter uma liderança mais poderosa tentando criar algum tipo de conciliação com Lula, e em algum momento eles vão achar alguma pauta para tentar uma cobeligerância pacífica. Por outro lado, vai existir um senso de urgência apocalíptica na igreja evangélica comum.”
Em 2022, o pastor não vai votar em ninguém: vai ficar em casa. É uma ótima escolha.
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