Mario Sabino, na Crusoé: a mendiga e o super-rico
"No meio do meu trajeto a pé até a redação, mora uma mendiga faz tempo", diz Mario Sabino, em seu artigo na Crusoé. "Ela montou uma cabaninha com o plástico preto de sacos de lixo na esquina de uma igreja. A cabaninha está espremida entre o meio-fio...
“No meio do meu trajeto a pé até a redação, mora uma mendiga faz tempo“, diz Mario Sabino, em seu artigo na Crusoé.
“Ela montou uma cabaninha com o plástico preto de sacos de lixo na esquina de uma igreja. A cabaninha está espremida entre o meio-fio e um canteiro que a igreja mandou fazer lá, ao redor de uma árvore, provavelmente para tentar que a mendiga mudasse de endereço. Muito cristão. Juntamente com ela, moram — se é que o verbo se aplica — dois cachorros. Na medida do possível, parecem bem cuidados.”
“Outros mendigos dão as caras no meu trajeto, em especial em frente a um supermercado chique e à farmácia onde, de vez em quando, faço teste para Covid. Mas eles não habitam o bairro, ao contrário da mendiga que tem dois cachorros. Nunca os mendigos foram tão visíveis em São Paulo. Outro dia, para o meu espanto, já que havia muito não passava pela Avenida Paulista, deparei à noite com dezenas de barraquinhas de acampamento no vão do Masp. Agora, são famílias inteiras que moram nas ruas da cidade mais rica do Brasil, numa prova inconteste da dramaticidade da crise por que passamos. O entorno do Parque Trianon também está repleto de barraquinhas. Uma tristeza.”
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