Letícia Barros na Crusoé: Madonna não merecia os 20 milhões de reais
A velha e clássica revitalização de estradas, comuns em ano eleitoral, veio no Rio de Janeiro em formato de show gratuito
O Rio de Janeiro foi palco do maior show da carreira de Madonna no sábado, 4, reunindo 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana. Além do capital privado de um banco, foram investidos 20 milhões de reais de dinheiro público para fazer o show acontecer, sendo 10 milhões de reais oriundos da prefeitura e outros 10 milhões do governo do Estado do Rio de Janeiro. Não há argumento sobre retorno econômico suficientemente convincente de que foi um bom investimento. Não me leve a mal — cresci ouvindo os hits da Madonna por influência materna — mas ela definitivamente não merecia esses 20 milhões de reais.
O que leva um prefeito a negociar um show gratuito da “rainha do pop” na praia de Copacabana em ano de eleições municipais? A resposta parece óbvia, mas não é óbvia para todos. Na internet, vídeos de pessoas indignadas com uma área vip imensa que separava o palco do público circularam dias antes do show. A narrativa era sempre a mesma: “aqui é o lugar da elite, dos ricos”. A verdade é que a elite não está no eleitorado. A elite são os eleitos. A elite é o Eduardo Paes e os seus “comparsas”, juntos comemorando antecipadamente a sua reeleição ao som de “La Isla Bonita”. A velha e clássica revitalização de estradas em ano eleitoral veio em formato de show gratuito para o Rio de Janeiro.
Antes de todo e qualquer show, há planejamento e várias negociações. O artista que decide fazer um show em uma cidade, geralmente, elabora um contrato de apresentação com o promotor do evento (ou a empresa responsável pela organização do show).
O promotor do evento também precisa firmar contratos de locação do local do show, bem como contratos de produção com empresas de som, iluminação, cenografia e segurança. Ou seja, todo esse processo é baseado em contratos privados, como deve ser. O curso natural era o que o show da Madonna acontecesse sem dinheiro público.
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