Leão XIV tem primeira entrevista publicada em livro
Conversa aborda Gaza, China, escândalos de abusos sexuais na igreja e inteligência artificial
O papa Leão XIV concedeu sua primeira longa entrevista desde a eleição, publicada nesta quinta, 18, na biografia “León XIV: ciudadano del mundo, misionero del siglo XXI”, editada pela Penguin Peru.
Segundo a Vatican News, trata-se da primeira entrevista do pontificado em formato de livro, com texto integral conduzido pela jornalista da Crux, Elise Ann Allen.
Na conversa, o Papa diz buscar “construir pontes” e evitar polarizações na Igreja e no mundo. Ele trata, em perguntas e respostas, de Gaza, China, Estados Unidos, papel das mulheres, fiéis LGBT+, abusos, finanças, reformas e inteligência artificial, conforme o Vatican News.
Sobre Gaza, Leão XIV descreve cenário “terrível” e pede que a comunidade internacional não se torne insensível. Ele afirma que, “neste momento”, a Santa Sé não considera fazer declaração sobre o uso do termo “genocídio”, por se tratar de conceito técnico, de acordo com o Vatican News.
O Papa comenta sua origem americana e afirma não pretender atuar em política partidária. Segundo ele, temas específicos com o governo dos Estados Unidos, inclusive com o presidente Trump, podem ser tratados, mas o protagonismo cabe à liderança da Igreja no país, relata o Vatican News.
Em relação à China, Leão XIV diz que continuará a política que a Santa Sé segue há anos. Ele informa manter diálogo constante com interlocutores chineses para garantir a missão da Igreja respeitando a cultura e as condições políticas locais, conforme o Vatican News.
No campo pastoral, o Papa reafirma a acolhida a “todos, todos, todos”, sem alteração do ensinamento sobre sexualidade e matrimônio. Ao comentar a declaração Fiducia supplicans, ele admite bênçãos a pessoas, mas rejeita ritualizações que contrariem o magistério, segundo o Vatican News.
Sobre mulheres, Leão XIV promete ampliar nomeações para cargos de liderança no Vaticano. Ele descarta mudanças no ensinamento sobre ordenação e não pretende alterar a doutrina sobre diaconisas, tema que classifica como controverso, informa o Vatican News.
A entrevista dedica espaço à crise dos abusos sexuais. O Papa pede proximidade às vítimas, reconhece que a maioria das denúncias é verdadeira e defende o respeito à presunção de inocência, com proteção dos direitos dos acusados, conforme o Vatican News.
Em finanças, Leão XIV afirma ter “ideias mais claras” e cita superávit superior a 60 milhões de euros no balanço de 2024 da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica. Ele aponta atenção ao fundo de pensão, lembra perdas dos Museus Vaticanos na pandemia e critica más decisões passadas, como o imóvel de Londres, segundo o Vatican News.
O Papa anuncia decisões para reduzir a lógica de “compartimentos estanques” entre dicastérios. O objetivo é reforçar diálogo e coordenação na Cúria Romana, relata o Vatican News.
Leão XIV também aborda a missa tridentina, condena o uso político da liturgia e sugere solução por meio de diálogo sinodal. Ele critica fake news e alerta para riscos da inteligência artificial à dignidade humana, informando ter negado um “Papa artificial” para audiências virtuais.
O Vatican News publicou ainda que trechos haviam sido antecipados em 14 de setembro por Crux e pelo diário peruano El Comercio. A edição de hoje reúne a íntegra da entrevista no volume biográfico.
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