Josias Teófilo na Crusoé: O preconceito contra cristãos no meio artístico
Igrejas invariavelmente atrapalham o avanço das pautas identitárias e essa é a razão por que a ministra Margareth Menezes se opõe a elas
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, declarou que “igrejas encontram espaço em vazios culturais“. A declaração, feita em entrevista à BBC, é sintoma de um fenômeno que não é raro, mas do qual pouco se fala: o preconceito contra cristãos no meio artístico.
Curiosamente, a entrevista da ministra parecia ter um objetivo conciliatório: ela falou o tempo todo sobre integrar inclusive as pessoas de direita, como o pessoal do sertanejo, e mesmo as pessoas religiosas. Mas, no meio da conversa, veio o sincericídio de opor religião e cultura.
Ora, as igrejas – todas elas – sempre produziram cultura. Até a escrita da música nasceu dentro da igreja – a Igreja Católica, no caso. Johann Sebastian Bach compôs e tocou a vida inteira na Igreja Luterana – e sua maior obra, a Missa em Si Menor, é uma missa católica, fruto de uma encomenda de um príncipe.
No Brasil, a obra de Heitor Villa-Lobos, por exemplo, tem uma surpreendente quantidade de obras sacras. Até hoje, na Osesp, a melhor orquestra brasileira, muitos dos músicos aprenderam a tocar em igrejas cristãs.
É claro que boa parte da música produzida nas igrejas é amadora. Mas a maior parte da música, no geral, é feita por não profissionais, inclusive boa parte do que é financiado pelo Ministério da Cultura. As igrejas dão oportunidade a muitos jovens iniciarem-se na música, alguns deles tornam-se profissionais de destaque.
Falei da música, mas as instituições religiosas são responsáveis pela formação de uma imensa quantidade de grandes artistas e pela realização de obras muito importantes na história da arte – na arquitetura, nas artes plásticas, na literatura, no teatro.
E mais: arte e religião têm muitas coisas em comum: são duas formas de transcendência da realidade imediata e envolvem formas de pensamento mágico, sobrenatural. O cinema, por exemplo, para André Bazin (que era católico), é o vestido sem costura – ou seja, uma forma por si só milagrosa de ver a realidade.
Leia mais aqui; assine Crusoé e apoie o jornalismo independente.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)