Josias Teófilo na Crusoé: A política woke foi vencida?
Conheço um cineasta que precisou se colocar como homossexual para tentar aprovar um projeto de filme
João Pereira Coutinho escreveu em artigo na Folha de S. Paulo que a “cultura woke” tem seus méritos, e com a sua recente decadência eles vão se tornar mais evidentes, assim como aconteceu com o marxismo.
Ora, atribuir ao wokismo, ou identitarismo (termo mais próximo em português), a uma moda que passou é muito precipitado. Ainda mais escrevendo isso para um jornal brasileiro. No Brasil o wokismo pegou como em nenhum outro lugar do mundo, como diz o cineasta Newton Cannito.
De fato, em nenhum outro lugar o identitarismo chegou a tornar-se política pública de cultura como no Brasil. E não só da cultura: na posse do presidente Lula a faixa foi-lhe entregue por representantes de grupos identitários. O governo Lula tem até o Ministério Identitário: o Ministério da Igualdade Racial, de Anielle Franco — cuja missão é exclusivamente difundir as pautas identitárias.
Mas, na cultura, a situação é mais radical: cotas para negros e homossexuais foram implantadas nos últimos anos no âmbito federal, estadual e municipal — até mesmo em governos de direita, como na gestão de Tarcísio de Freitas no Governo do Estado de São Paulo, que teve que realizar um edital LGBT de 3 milhões em 2024. O edital teve que ser realizado por causa de normas federais, aprovadas em 2022, relativas a ações afirmativas.
Na Prefeitura de São Paulo nem foi preciso a existência de normas federais: a gestão da cultura do prefeito Ricardo Nunes é 100% identitária por vocação. A SP Cine, por exemplo, tem usado critérios identitários, de raça e orientação sexual, para distribuir recursos públicos para a produção cinematográfica. O Theatro Municipal de São Paulo tem feito óperas identitárias: alterando obras clássicas do repertório, como O Guarani de Carlos Gomes (que teve seu balé cortado, e substituído por danças indígenas) e Carmen, de Bizet, cuja tourada foi substituída por um desfile de moda com travestis. Até uma manifestação do MST foi feita pela produção do teatro no saguão e uma rave com funk com letras eróticas foi feita na sua entrada.
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