Josias Teófilo na Crusoé: A nova direita nasceu porque ninguém aguentava mais Caetano
O movimento incorpora liberais e conservadores, monarquistas e republicanos, pessoas contra e a favor de Jair Bolsonaro. Só não tem quem defenda o cantor
Quando o poeta Bruno Tolentino chegou ao Brasil depois de quase trinta anos morando na Europa, encontrou um cenário pouco auspicioso. Ele, que antes de viajar conviveu com Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meirelles, teve de lidar com um ambiente cultural dominado por tudo que ele desprezava: o legado da Semana de 22, o concretismo, a Tropicália, e especialmente… Caetano Veloso.
Quando ele concedeu a famosa entrevista “Quero meu país de volta”, às páginas amarelas de Veja, o seu alvo principal foi Caetano Veloso. Ele disse: “É preciso botar os pingos nos is. Cada macaco no seu galho, e o galho de Caetano é o show biz. Por mais poético que seja, é entretenimento. E entretenimento não é cultura”. E mais: “É preciso perguntar dia e noite: por que Chico, Caetano e Benjor no lugar de Bandeira, Adélia Prado e Ferreira Gullar?”.
Caetano resumia tudo a que o poeta Bruno Tolentino se opunha: o entretenimento (ou show business) colocado no lugar da cultura, a letra de música confundida (e estudada) como poesia, e uma certa visão da cultura brasileira.
Essa entrevista é considerada por muitos o mito fundador da nova direita. Não duvido que seja. O espírito do “quero meu país de volta” está presente até hoje na oposição política ao PT, mas também na oposição ao establishment cultural da esquerda e tudo que ele representa.
A nova direita incorpora opostos: liberais e conservadores, monarquistas e republicanos, monarquistas e defensores do regime militar, gente pró e contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Só não tem quem defenda Caetano Veloso. E por que não?
Ora, Caetano virou o símbolo máximo da esquerda cultural, que é hegemônica há décadas (já era no tempo de chegada de Bruno Tolentino) e que agora tem dado sinais de desgaste até mesmo na própria esquerda.
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