Josias Teófilo na Crusoé: A liturgia como síntese das artes
Houve um tempo em que a arte e a religião tradicional eram perfeitamente integrados. Numa catedral gótica, vê-se...
Houve um tempo em que a arte e a religião tradicional eram perfeitamente integrados. Numa catedral gótica, vê-se condensada a doutrina cristã, como uma bíblia de pedra — para usar o termo de John Ruskin, que escreveu o livro A Bíblia de Amiens sobre a catedral homônima. Num ícone ortodoxo, vemos um testemunho do Espírito Santo e o próprio Evangelho enunciado através das imagens. Numa igreja barroca, está presentificada em imagens a simbologia cristã sobre as hierarquias celestiais, os profetas, os santos, a Virgem e o Cristo, numa cortina de formas que intercepta o real — como escreveu Germain Bazin.
Na modernidade, houve um distanciamento crescente entre arte e religião e uma dessacralização da arte. O grande ponto de ruptura é o Renascimento, em que a arte se voltou para o real como aparência em vez de essência. Em todas as épocas, entretanto, é possível reconhecer um diálogo profundo com a transcendência. Inclusive no cinema, arte tão nova, o sagrado é elemento central na obra de diversos cineastas, especialmente Andrei Tarkóvski – cuja obra dialoga profundamente com a tradição cristã dos ícones.
O tema da origem mítico-religiosa da arte, entretanto, é pouco estudado no Brasil, principalmente no âmbito acadêmico. Prevalece uma visão materialista da arte baseada em conceitos marxistas, de representação social, ou preconceitos historicistas. Autores como Ernesto Grassi, John Ruskin, Pavel Florenski – que têm essa abordagem mítico-religiosa da arte – tiveram poucas obras publicadas no Brasil e estão à margem dos principais debates acadêmicos sobre arte e cultura.
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