Josias Teófilo na Crusoé: A guerra civil dos vivos contra os mortos
Franklin de Oliveira relata no livro Morte da Memória Nacional que na Guerra Civil Espanhola os dois lados concordaram em preservar o Museu do Prado...
Franklin de Oliveira relata no livro Morte da Memória Nacional que na Guerra Civil Espanhola os dois lados concordaram em preservar o Museu do Prado. “Os vivos se destruíam mas, enquanto vivos, procuraram salvar a obra dos mortos”, diz ele. Só que no Brasil, ele afirmava em 1967, estamos numa guerra civil às avessas: os vivos destruindo o legado dos mortos.
Foi aprovada no último dia 29 pela Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro uma lei que proíbe manter ou inaugurar monumentos em homenagem a “escravocratas, eugenistas e pessoas que tenham violado os direitos humanos”.
Por causa da lei, o busto do Padre Antônio Vieira será removido dos jardins da Pontifícia Universidade Católica, PUC, do Rio de Janeiro, onde está desde 2011.
Em 2022, a cidade de Olinda (PE) aprovou lei semelhante proibindo homenagens a escravocratas e a pessoas ligadas à ditadura militar. “A norma também permite a modificação de nomes de ruas ou espaços públicos que, atualmente, reverenciam personagens do passado”, como informa uma matéria do G1.
Como se vê, de 1967 para cá, continua a guerra dos vivos contra os mortos. Franklin de Oliveira permanece perfeitamente atual.
Em filmes de zumbi, os mortos atacam os vivos. No Brasil, tem sido exatamente o contrário: os vivos atacam os mortos. Incendiaram a estátua de Pedro Álvares Cabral em 2021, no bairro da Glória, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, incendiaram a estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo. Nos 131 anos da abolição da escravatura, movimentos sociais de esquerda protestaram contra a princesa Isabel, especificamente na sessão feita por seu descendente, o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP), que foi o primeiro membro da família imperial a ocupar um cargo no Congresso da República.
A questão é que os mortos não se ofendem…
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