Jerônimo Teixeira na Crusoé: Mad Max now
É um filme de ação em que carros, caminhões e motos são destruídos e destroçados de todas as formas imagináveis
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Energia, alimento, armamento: a economia reduzida às necessidades básicas. Há uma cidadela que refina gasolina e diesel, outra que fornece água e vegetais, e uma terceira que produz armas e balas.
A divisão do trabalho é assim, estreita e radical, no mundo criado por George Miller em Furiosa: Uma saga Mad Max, que vi com inesperado prazer no domingo, 9. É um filme de ação em que carros, caminhões e motos são destruídos e destroçados de todas as formas imagináveis. Sob o ronco dos motores se ouve o gemido com que o mundo acaba.
A história se passa no deserto australiano, em um futuro apocalíptico no qual tudo é deserto (no original, wasteland). A natureza da catástrofe que produziu essa terra árida e violenta não é muito clara. Neste filme e nos quatro anteriores da série, aventam-se desastres ambientais e uma guerra – nuclear, ao que tudo indica – causada pela disputa por petróleo (o Mad Max original, com Mel Gibson, é de 1979, ano em que a Revolução Islâmica no Irã provocou a segunda crise do petróleo da década). Mas é tudo muito vago e impreciso. Interessa apenas saber o que restou do mundo: cidades esparsas, estradas, bandos de saqueadores.
As três cidadelas já eram mencionadas em Mad Max: estrada da fúria (2015), filme anterior da série (de que gostei menos, mas acho que sou exceção entre os espectadores). Em Furiosa – cuja ação, todos já devem saber, se passa anos antes de Estrada da fúria – as consequências inevitáveis dessa super-especialização são exploradas até sua consequência inevitável: a guerra. Dementus (Chris Hemsworth), líder de um uma gangue de motoqueiros que se apodera do petróleo, tentará conquistar também as outras duas cidadelas.
É curioso que nessa divisão da wasteland por setor econômico, Miller não tenha aberto lugar para seu próprio ofício. Poderia existir uma cidade do entretenimento, dedicada ao entretenimento, com cabarés, cinemas, bares, bordéis. No terceiro e último filme com Gibson no papel-título, Além da cúpula do trovão (1985), há uma cena em uma espécie de arena de gladiadores, que decerto cumpriria a função de divertir as massas famélicas. Considero esse o pior dos cinco Mad Max (e neste ponto acredito estar com a maioria dos espectadores), pois a estrada, verdadeira arena desse mundo devastado, acaba ficando em segundo plano.
Antes de assistir a Furiosa,
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