Jerônimo Teixeira na Crusoé: Guerra cultural, um guia para desertores
Neste tempo de intransigência ideológica, ainda vale a pena apostar no bom senso e, sobretudo, no senso de ridículo
“Há uma guerra cultural em curso, e estou entre os derrotados.”
Comecei assim um artigo publicado nesta revista em abril do ano passado. Lamentava a luta de soma zero em que o debate público se converteu, tendo de um lado a “direita paranoica” e de outro a “esquerda histérica” (mas os adjetivos, eu dizia então e repito agora, são intercambiáveis).
Resolvi voltar ao tema, agora sem derrotismo. Com o espírito positivo e propositivo de um coach político-social, estou convidando você, leitor de direita ou esquerda, a ser um vencedor na guerra cultural. O caminho da vitória é simples: abandone o campo de batalha.
Baixei umas regrinhas para aqueles que desejam se afastar do estúpido binarismo da conversa política atual. Na verdade, são mais recomendações do que regras, e espero que o leitor as tome com flexibilidade e humor.
A convenção manda que regras desse tipo se apresentem em listas de dez, como as pragas do Egito. Preguiçosamente, parei na metade.
1 – NÃO SE ORGULHE DE SER DE ESQUERDA OU DE DIREITA
Vou ser categórico: nenhuma das duas posições pode reivindicar superioridade moral.
Talvez já fosse hora de descartar essas categorias antiquadas, nascidas na Assembleia Nacional francesa no século XVIII. Mas o tal espectro ideológico que vai da esquerda à direita ainda serve para nos situar no mundo político. E a alternância dos dois campos no poder, desde que ninguém tente virar a mesa, é a alma do jogo democrático.
Só que hoje cada um dos campos se vê como defensor único da democracia – o que na verdade é uma atitude muito antidemocrática. O esquerdista e o direitista típicos ainda acreditam que seus respectivos armários não guardam esqueletos (talvez estejam ambos certos: os cadáveres produzidos por ditaduras de esquerda e de direita ainda estão frescos).
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