Crusoé: A estrutura das revoluções culturais
Como a especialização é uma constante, a tendência é que as pessoas se fechem cada vez mais em seu ambiente especializado
Existe um livro clássico publicado em 1962 com uma interpretação bastante singular sobre a história da ciência. O livro é A Estrutura das Revoluções Científicas de Thomas Kuhn. Segundo ele, a ciência desenvolve-se em cinco etapas ou fases: 1. A pré-paradigmática; 2. A paradigmática ou ciência normal; 3. Crise do paradigma; 4. As revoluções científicas e…5. Mudança de paradigma.
Foi o próprio Thomas Kuhn, nesse livro, que popularizou o termo “mudança de paradigma”, tão usando hoje em dia, especialmente em ambientes empresariais.
Kuhn entende a ciência regular como um quebra-cabeças: com regras bem definidas, pré-estabelecidas. No livro, ele mostra, em suma, como a ciência tende a fechar-se em si mesma até não descobrir mais nada de novo, só confirmar seus próprios pressupostos. Aí ela entra em crise, e vai ser preciso uma revolução científica e uma consequente mudança de paradigma.
Não é só na ciência que acontece isso. Na arte e na cultura também. E o mecanismo é o mesmo: uma vez que a especialização é uma constante em qualquer área, a tendência é que as pessoas se fechem cada vez mais naquele ambiente especializado, que funciona como um quebra-cabeças (com elementos pré-estabelecidos) e ignorem a vida real.
É por isso que os livros se parecem cada vez mais com outros livros e os filmes cada vez mais com outros filmes, num processo autofágico. É que os filmes, antes de existirem, precisam passar por editais, e lá são julgados por especialistas, ou seja, gente da área. Se passam em festivais, são premiados ou não de acordo com o julgamentos de gente da área. Uma vez que são exibidos eles são julgados também por especialistas, os críticos. No caso do cinema comercial, os filmes, antes de serem feitos, têm também de ser julgados por especialistas, no caso, os executivos dos estúdios. E depois passam pelo mesmo processo do cinema autoral: são julgados em festivais, e por críticos.
Até nas plataformas de streaming existe uma equipe de curadoria, formada naturalmente por gente da área. E ainda por cima, os filmes que serão feitos são inspirados em filmes que já existem, ou seja, já passaram pelo filtro dos especialistas.
O problema é que…
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