Comunidade judaica de Hollywood responde a Jonathan Glazer
Carta aberta com mais de 1.200 assinaturas até o momento condena comparações feitas pelo diretor de "The Zone of Interest"
A premiação do Oscar deste ano foi marcada por uma intensa repercussão ao discurso de Jonathan Glazer, diretor de “The Zone of Interest”, após receber o prêmio de Melhor Filme Internacional.
Glazer comentou sobre a “desumanização” provocada pelo ataque de 7 de outubro a Israel pelo Hamas, fazendo um paralelo inaceitável com o Holocausto, o que gerou uma forte reação da comunidade judaica de Hollywood.
Uma carta aberta criticando as declarações do cineasta já reuniu mais de 1.200 assinaturas de profissionais judeus do show business, incluindo nomes como Eli Roth, Amy Sherman-Palladino, Amy Pascal, e Debra Messing.
A jornalista brasileira Miriam Spritzer (na foto, com Steven Spielberg), signatária da carta, em entrevista exclusiva para O Antagonista, destacou a importância da manifestação como um reflexo fiel dos sentimentos da comunidade judaica em Hollywood, da qual ela faz parte: “a carta está muito bem escrita e traduz o que a comunidade judaica está sentindo”, afirmou.
Ela criticou Glazer por negar sua origem judaica em um momento em que o antissemitismo cresce mundialmente. Spritzer também apontou o uso problemático do termo “ocupação” por Glazer, contribuindo para uma falsa narrativa sobre Israel e Gaza, e a falta de menção aos reféns israelenses no discurso.
A iniciativa da carta, segundo Spritzer, surgiu organicamente entre profissionais judeus de Hollywood, sem o envolvimento direto de organizações. “Realmente foi de boca em boca… a tendência é que o número de signatários vai continuar crescendo”, explicou sobre o processo de coleta de assinaturas, que rapidamente passou de 450 para 1.200 e segue aumentando.
Diz a carta:
“Declaração dos Profissionais Judeus de Hollywood
Nós somos artistas, executivos e profissionais judeus de Hollywood.
Repudiamos o sequestro do judaísmo com o propósito de estabelecer uma equivalência moral entre um regime nazista que procurou exterminar uma raça de pessoas e a nação israelense que busca evitar sua própria extinção.
Toda morte de civis em Gaza é trágica. Israel não está mirando civis. Está mirando o Hamas. O momento em que o Hamas libertar os reféns e se render será o momento em que essa guerra dolorosa termina. Isso tem sido verdade desde os ataques do Hamas em 7 de outubro.
O uso de palavras como “ocupação” para descrever um povo judeu defendendo uma pátria que remonta a milhares de anos, e que foi reconhecida como um estado pelas Nações Unidas, distorce a história.
Isso dá credibilidade à calúnia moderna que alimenta um crescente ódio antijudaico ao redor do mundo, nos Estados Unidos e em Hollywood. O clima atual de crescente antissemitismo apenas sublinha a necessidade do Estado Judeu de Israel, um lugar que sempre nos acolherá, como nenhum estado fez durante o Holocausto retratado no filme do Sr. Glazer.”
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