Agamenon: é bom Jair viajando
Depois da soja, do minério de ferro, da celulose e da corrupção, o Brasil está se dedicando à exportação de crise...
Depois da soja, do minério de ferro, da celulose e da corrupção, o Brasil está se dedicando à exportação de crise.
Só assim a nossa economia vai voltar a andar: exportando o que a gente faz melhor, ou seja, mer#$%ˆ&*da. E o referido produto não serve só como fertilizante orgânico. Na política, a crise tem mil e uma utilidades. Principalmente, quando o país anda entediado, não tem nada mais importante para fazer, é só inventar uma crise, postar meia dúzia de tuítes e está tudo resolvido, só se fala de outra coisa.
Os nossos vizinhos já estão importando a crise brasileira com muito sucesso: o Peru, que já andava escalavrado, fechou o Congresso. No Chile, o pau está comendo por causa de vinte centavos. O Equador está em estado de sítio. Na Argentina, estão preparando a volta triunfal da Cristina Kirchner. A crise é tudo, a crise é pop, a crise é agro.
Nessa onda de exportar a crise, o presidente Jair Boçalnauro viajou para a Ásia, onde pretende oferecer essa nova modalidade de mercadoria. Espirituoso e brincalhão, Bolsossauro levou de presente um kit de “enlarge your penis” para o primeiro-ministro japonês. Para quebrar o gelo.
As pessoas precisam entender que a América Latina não tem como dar certo. Não existe a menor possibilidade. A mais remota chance. Os países latino-americanos são tão incompetentes que até mesmo em miséria, atraso e epidemias perdem para os países africanos. Nós somos uma espécie de Vasco da Gama do mundo. Nem o fracasso a América Latina consegue fazer direito.
A salvação está no aquecimento global. Graças ao derretimento das calotas polares, os oceanos vão acabar inundando a América Latina e não vai sobrar uma lhama nem um tocador de flauta andina. Também vão acabar os grupos de pagode, as duplas de sertanejo universitário e os bailes funk. A humanidade só tem a ganhar com o fim da América Latina. Só vai sobrar a Ilha de Aconcágua, que será transformada em um resort tropical 5 estrelas para o jet set internacional.
O problema é que a América latina vai acabar e o resto do planeta não vai nem perceber.
Enquanto isso não acontece, uma boa alternativa para o Brasil seria a adoção de um modelo neoliberal de capitalismo radical. Vamos privatizar tudo, a começar pelo Judiciário.
O Judiciário seria transformado em uma propriedade privada. Cada ação, cada processo, cada habeas corpus, cada mandato de segurança, cada liminar, cada sentença seria cobrada passando recibo e pagando imposto.
Vai existir, inclusive, a livre concorrência entre vários Judiciários. Qualquer um vai poder abrir o seu próprio tribunal, contratar o seu próprio júri e construir a sua própria cadeia. Se o indivíduo for condenado em um tribunal, vai em outro e paga para ser absolvido. Caso o réu condenado não tenha tempo ou não tenha saco de “pagar uma etapa” no estabelecimento correcional, o apenado vai poder contratar alguém para cumprir a pena no lugar dele. Simples assim.
Agamenon Mendes Pedreira é réu primário, mas tem muita gente que é réu primeiro.
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