A criatividade está no cérebro ou na alma?
Novas pesquisas científicas apontam para a resposta
Em artigo publicado no site Psychology Today, a médica pediatra Carolyn Roy-Bornstein se recorda de como a criatividade florescia espontaneamente na infância, quando ela desenhava e escrevia histórias. Mas, com o passar do tempo, a pressão por tirar boas notas, principalmente em disciplinas como matemática e ciências, acabou por abafar essa inclinação criativa.
Só décadas depois, quando já era médica, a Dra. Bornstein reencontraria seu caminho de volta à escrita, colaborando para publicações como Washington Post, New York Times e Boston Globe.
Essa trajetória pessoal serve de ponto de partida para uma reflexão maior: afinal, a criatividade fica em algum ponto do cérebro ou é parte intrínseca da nossa alma?
Num estudo publicado no Journal of the American Medical Association, os autores propõem uma visão inovadora: em vez de procurar um “ponto criativo” isolado no cérebro, devemos buscar conexões – redes neurais que sustentam a criatividade em suas diversas formas, como música, arte e escrita.
Os pesquisadores descobriram um circuito comum entre diferentes atividades criativas. Embora regiões cerebrais distintas sejam ativadas dependendo da tarefa (por exemplo, compor música ou escrever um poema), todas elas se conectam a uma área chamada polo frontal direito que, curiosamente, fica inativa durante o processo criativo.
Isso pode indicar que, para criar, o cérebro precisa silenciar temporariamente seu lado mais analítico – o mesmo que alimenta o “crítico interior”, que pode bloquear ideias nascentes.
Abra espaço na agenda para a criatividade
Para além dos mecanismos de “ativação” e “desativação” cerebral, Bornstein ressalta que é importante criar espaço para a criatividade no dia a dia – e cultivá-la com intenção e sensibilidade.
“Ninguém vai nos dar de bandeja aquela hora preciosa para criar. Precisamos, nós mesmos temos que dar esses passos e reservar esses momentos.”
Mesmo que o mistério sobre o “local” da criatividade no cérebro ainda não esteja resolvido, uma coisa é certa: praticar atividades criativas com frequência contribui para o bem-estar. Mais do que um fim ou uma vocação, a criatividade é uma prática – onde o erro inclusive é muitíssimo bem-vindo.
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