A briga no G20 pelo Fundo Amazônia
O governo critica o Fundo Amazônia, enquanto os patrocinadores Noruega e Alemanha dizem que está tudo certo.
O governo enfrenta uma disputa curiosa com Alemanha e Noruega: quer criticar e reformular uma iniciativa sob sua gestão, o Fundo Amazônia, enquanto os patrocinadores dizem que está tudo certo.
O confronto ganhou novos capítulos nesta semana, com declarações de Joaquim Levy e troca de farpas entre Bolsonaro e Angela Merkel às vésperas do G20.
Entenda:
– O desconhecimento de Salles
Assim que tomou posse, o ministro do Meio Ambiente mostrou desconhecer o Fundo Amazônia.
Em entrevista a O Globo em janeiro, declarou: “E o que está acontecendo com essas promessas de recursos?” e “Que créditos efetivos, e não promessa de créditos, nós trouxemos aqui para o Brasil?”.
Até o fim de 2017, o Fundo Amazônia já havia recebido R$ 3,1 bilhões em doações, sendo 93% do governo da Noruega, 6% do governo da Alemanha e 0,5% da Petrobras.
– O esforço de mudança
Em maio, Ricardo Salles anunciou a intenção de usar parte dos recursos do Fundo Amazônia para indenizar proprietários rurais em unidades de conservação. Também defendeu aumentar a participação do governo brasileiro nas decisões sobre como aplicar o dinheiro.
A proposta foi levada aos embaixadores da Noruega e da Alemanha.
No mês seguinte, os embaixadores defenderam o atual modelo. Elogiaram a competência e a independência do BNDES na gestão, e ressaltaram que o projeto vem funcionando há mais de dez anos.
Também ressaltaram que até hoje não foi constatada qualquer irregularidade.
– O recado de Levy
Nesta quarta (26), o ex-presidente do BNDES Joaquim Levy disse em CPI que o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA), criado para estabelecer critérios para aplicação dos recursos, deve ser extinto nesta semana “se nada for feito” pelo governo.
O Ministério do Meio Ambiente respondeu que o COFA não será extinto.
– A briga no G20
Também nesta quarta (26), no Parlamento da Alemanha, Angela Merkel declarou, antes de viajar ao Japão: “vejo com grande preocupação a questão das ações do presidente brasileiro (em relação a desmatamento) e, se ela se apresentar, aproveitarei a oportunidade no G20 para ter uma discussão clara com ele”.
Em Osaka, Bolsonaro retrucou: “Nós temos exemplo para dar para a Alemanha, inclusive sobre meio ambiente. A indústria deles continua sendo fóssil em grande parte de carvão, e a nossa não. Então, eles têm a aprender muito conosco”.
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