Venda de sentenças no STJ: lobista enriqueceu 3.000% em um ano
Andreson de Oliveira Gonçalves também é investigado por lavagem de dinheiro
Acusado de negociar decisões judiciais em gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves (foto) também é investigado por lavagem de dinheiro, registrou a Folha de S.Paulo.
A análise da Polícia Federal sobre as suas informações financeiras aponta que ele ampliou seu patrimônio em 3.052% entre 2014 e 2015.
“[Andreson é] protagonista de relevante evolução no que tange à propriedade de bens entre os anos de 2014 e 2015, saltando de um patrimônio avaliado em 305.000 reais para outro estimado em 9.311.540 reais”, diz o documento.
Em sua declaração de Imposto de Renda, o lobista não apresentou “substrato financeiro que ampare a destacada evolução”.
Entre 2009 e 2015, seus rendimentos declarados somaram cerca de 1 milhão de reais.
Ele foi preso na terça, 26, após a PF deflagrar a Operação Sisamnes para desarticular uma organização criminosa especializada em venda de sentenças judiciais.
Investigações
As investigações sobre Andreson de Oliveira Gonçalves começaram após ele ser associado a suspeitas de tráfico internacional de drogas em 2011, ao retornar de uma viagem à Bolívia e contatar o advogado de um homem preso com quase 300 kg de cocaína.
Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal, em 7 de agosto de 2015, por associação e tráfico internacional.
Em outubro de 2018, ele foi absolvido pela Justiça depois de o Ministério Público entender que não havia vínculos claros entre o lobista e o traficante.
Em 2019, as evidências relacionadas à lavagem de dinheiro foram encaminhadas a uma vara especializada após serem detectadas inconsistências nos dados financeiros apresentados por Gonçalves.
As “inconsistências constantes” do lobista
Foram encontradas “diversas inconsistências constantes dos dados declarados pelo Andreson […], em especial quando confrontados com as informações fornecidas pelas instituições bancárias vinculadas ao investigado”, disse o Ministério Público.
“No referido relatório de análise, ficou evidenciado que o patrimônio alcançado por Andreson de Oliveira Gonçalves não encontra justificativa”, acrescentou.
A Receita Federal também relatou discrepâncias significativas na evolução patrimonial do lobista, com falta de informações sobre fontes pagadoras e outras irregularidades.
Nos autos, a defesa de Gonçalves, por sua vez, sustenta que ele atua legalmente como empresário desde 1996 e atualmente exerce advocacia junto com sua esposa.
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