“Velho e cansado”
"Na semana passada, deparei com um velho", diz Mario Sabino, na Crusoé. "Não era muito velho, mas de uma velhice que já antecipava o advérbio de intensidade: barba de um branco que parecia ser súbito, rugas a emoldurar olhos cujas bolsas inferiores afugentavam o brilho, a pele do pescoço que começava a esmorecer, ombros que insistiam em fechar o peito a todas as possibilidades...
“Na semana passada, deparei com um velho”, diz Mario Sabino, na Crusoé.
“Não era muito velho, mas de uma velhice que já antecipava o advérbio de intensidade: barba de um branco que parecia ser súbito, rugas a emoldurar olhos cujas bolsas inferiores afugentavam o brilho, a pele do pescoço que começava a esmorecer, ombros que insistiam em fechar o peito a todas as possibilidades.
Era um velho de aspecto cansado, de um cansaço além da conta daquele proporcional à velhice. Como se já tivesse dito tudo o que tinha para dizer, ouvido tudo o que tinha de ouvir, e isso não o houvesse levado a outro lugar que aquele ali. Era um velho que também não tentava esconder a sua velhice interior.
O velho era eu.”
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