Vaza Toga: gabinete de Moraes cobrou “criatividade” para desmonetizar “revistas golpistas”
Revista simpática a Jair Bolsonaro foi alvo do uso “fora do rito” do TSE por Alexandre de Moraes para avançar o inquérito das fake news no STF
Mensagens de WhatsApp trocadas entre assessores de Alexandre de Moraes revelam que o gabinete do ministro no Supremo Tribunal Federal (STF) cobrou “criatividade” da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), órgão que era subordinado a Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para desmonetizar “revistas golpistas”, publicou a Folha de S.Paulo.
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O Antagonista vem apontando abusos de poder cometidos em nome da defesa da democracia, mas poucas vezes o método de chamar algo ou alguém de golpista para justificar os abusos ficou tão explícito quanto na Vaza Toga.
Em 6 dezembro de 2022, Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF, enviou uma mensagem a Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED, às 18h11, dizendo “Vamos levantar todas essas revistas golpistas para desmonetizar nas redes.”
Com o pedido, Vieira enviou um link no X de uma revista simpática a Jair Bolsonaro.
Tagliaferro respondeu: “Salvo engano já fiz essa revista”, “mas olho sim”.
Então, Airton Vieira escreveu: “Essa e outras do mesmo estilo”.
“Xiiii… não vai sobrar internet mais (sic)”, respondeu novamente Tagliaferro.
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“Use a sua criatividade”
Em 7 de dezembro, Tagliaferro enviou uma nova mensagem ao juiz instrutor do gabinete de Moraes dizendo ter encontrado apenas “publicações jornalísticas”, que “não estavam falando nada” e pediu instruções sobre o que ele deveria colocar no relatório.
“Use a sua criatividade… rsrsrs”, respondeu Vieira.
“Pegue uma ou outra fala, opinião mais ácida e… O Ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou…”, completou.
“Vou dar um jeito rsrsrs”, afirmou Tagliaferro.
Segundo a Folha, as mensagens obtidas não esclareceram quais materiais produzidos pela revista foram enviadas por Moraes, nem qual seria a destinação do relatório produzido pelo chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação.
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A Vaza Toga
Mensagens de texto de assessores de Moraes indicam o uso “fora do rito” do TSE para avançar o inquérito das fake news no STF, diz reportagem da Folha de S. Paulo, publicada em 13 de agosto.
O Antagonista decidiu batizar o escândalo de “Vaza Toga”.
Segundo a Folha, o setor de combate à desinformação do TSE forneceu material ao gabinete de Moraes no STF.
“As mensagens revelam um fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais, tendo o órgão de combate à desinformação do TSE sido utilizado para investigar e abastecer um inquérito de outro tribunal, o STF, em assuntos relacionados ou não com a eleição daquele ano“, diz o jornal.
As trocas de informação ocorriam pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
De acordo com a reportagem, o “maior volume de mensagens com pedidos informais” envolveu o então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, e o “assessor mais próximo de Moraes no STF”, o juiz instrutor Airton Vieira.
“As mensagens mostram que Airton Vieira (STF) pedia informalmente via WhatsApp ao funcionário do TSE relatórios específicos contra aliados de Jair Bolsonaro (PL). Esses documentos eram enviados da Justiça Eleitoral para o inquérito das fake news, no STF.”
O jornal afirma ter acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos de assessores de Moraes, incluindo Vieira, que é o primeiro auxiliar do gabinete do ministro no Supremo.
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