Vaza Toga: “Ele quer pegar o Eduardo Bolsonaro”
Mensagens mostram o pedido de Alexandre de Moraes para relacionar o filho de Jair Bolsonaro a um ativista argentino
Mensagens de WhatsApp de assessores do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, indicam que o magistrado tinha como um de seus alvos o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), diz a Folha de S.Paulo.
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O nome do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em conversas realizadas entre Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes durante sua presidência no TSE, e Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), em novembro de 2022.
A troca de mensagens, diz o jornal, mostram o pedido de Moraes para relacionar o deputado a um ativista argentino acusado de replicar em suas lives a falsa informação de que a eleição presidencial havia sido fraudada.
“Ele quer pegar o Eduardo Bolsonaro”, “A ligação do gringo com o Eduardo Bolsonaro”, disse o juiz Marco Antônio Vargas, em 4 de novembro.
“Será que tem?”, respondeu Tagliaferro.
Em 5 de novembro, eles voltaram ao tema.
“Tem um vídeo do Eduardo Bolsonaro com a bandeira do jornal que fez a live de ontem, conseguimos aí relacionar ele àquilo”, escreveu Tagliaferro.
“Bom dia! Que beleza”, respondeu o juiz auxiliar de Moraes.
Em 6 de novembro, às 10h28, Tagliaferro disse a Vargas que o ativista argentino e “E Bolsonaro” são “amigos já faz 10 anos”.
“Se prender o EB, o Brasil entra em colapso”, complementou o chefe do combate à desinformação.
“Esse é bandido”, respondeu o juiz auxiliar de Moraes.
Nome de Eduardo Bolsonaro aparece em relatório
Às 15h48, após uma pausa na conversa, Tagliaferro enviou a Vargas um relatório intitulado: “TSE – Relatório – Análise Manifestações Antidemocráticas Fernando Cerimedo”.
“Veja se o ministro vai gostar”, escreveu, em outra mensagem.
Segundo a Folha, além de prints dos vídeos do ativista, o relatório possuía fotos do argentino com Eduardo Bolsonaro para demonstrar o vínculo entre os dois.
“Ainda em análise, identificamos, conforme exposto, a ligação entre Eduardo Bolsonaro e o autor das lives, Fernando Cerimedo, o quais (sic) se conhecem há muitos anos”, diz um trecho do documento.
Às 16h09, Vargas reencaminhou uma mensagem a Tagliaferro com ordens do ministro Alexandre de Moraes sobre o relatório.
“VARGAS: pode bloquear os sites indicados AIRTON: na PET sobre isso vamos determinar o bloqueio também e o bloqueio das contas. Lembre-se sempre de dar ciência a PGR”, diz a mensagem.
“Gostou e está disparando ordens”, escreveu Vargas na sequência.
“Ele [Moraes] pode responsabilizar o EB pelas manifestações”, disse Tagliaferro.
“Já mandou preparar investigação nesse sentido no STF kkkkk”, respondeu Vargas.
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A Vaza Toga
Mensagens de texto de assessores de Moraes indicam o uso “fora do rito” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para avançar o inquérito das fake news, no Supremo Tribunal Federal (STF), diz reportagem da Folha de S. Paulo, publicada em 13 de agosto.
O Antagonista decidiu batizar o escândalo de “Vaza Toga”.
Segundo a Folha, o setor de combate à desinformação do TSE forneceu material ao gabinete de Moraes no STF.
“As mensagens revelam um fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais, tendo o órgão de combate à desinformação do TSE sido utilizado para investigar e abastecer um inquérito de outro tribunal, o STF, em assuntos relacionados ou não com a eleição daquele ano“, diz o jornal.
As trocas de informação ocorriam pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
De acordo com a reportagem, o “maior volume de mensagens com pedidos informais” envolveu o então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, e o “assessor mais próximo de Moraes no STF”, o juiz instrutor Airton Vieira.
“As mensagens mostram que Airton Vieira (STF) pedia informalmente via WhatsApp ao funcionário do TSE relatórios específicos contra aliados de Jair Bolsonaro (PL). Esses documentos eram enviados da Justiça Eleitoral para o inquérito das fake news, no STF.”
O jornal afirma ter acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos de assessores de Moraes, incluindo Vieira, que é o primeiro auxiliar do gabinete do ministro no Supremo.
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